Nenhum dos três principais concorrentes ao cargo da presidência do Brasil pode ser visto como o "salvador da pátria" aos olhos dos eleitores. A observação é do jornalista Chico Góes, escritor do livro "O Lado B dos Candidatos", que traz um olhar desmistificador sobre os perfis de Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), que lideram as pesquisas de intenções de votos no Brasil.
Até o dia 13 de Agosto, quando o candidato Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo, a disputa travada no Brasil era entre a continuidade do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores Dilma Rousseff, e dois netos de políticos que fizeram história no Brasil, Tancredo Neves, avô do candidato do PSDB, Aécio Neves, e Miguel Arraes, avô do então candidato Eduardo Campos, pelo PSB.
Agora, o novo cenário e os resultados das pesquisas de intenção de votos apontam que a corrida presidencial se transformou em uma batalha entre duas mulheres com biografias e personalidades fortes. Dilma e Marina, de acordo com as últimas pesquisas, estão empatadas com 34 por cento das intenções de voto cada .
A presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), disputa a reeleição depois de ter sido construída candidata para o pleito de 2010, quando, pela legislação brasileira, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva não podia mais concorrer a uma eleição. Durante o mandato de Lula, Dilma, hoje com 67 anos, foi ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil.
A candidata, formada em ciências econômicas, carrega no currículo a marca de ter sido militante e presa durante os movimentos para derrubar a ditadura militar no Brasil.
Marina Silva, que era candidata à vice-presidência pelo PSB, também tem uma história pessoal que impressiona. De família pobre, analfabeta até os 16 anos e sobrevivente de graves problemas de saúde, a ambientalista e pedagoga do Acre conseguiu fazer um curso superior ao formar-se em História.
Aos 56 anos, Marina foi vereadora, deputada estadual, senadora por 16 anos e ministra do Meio Ambiente durante o Governo Lula. Após romper com o PT, filiou-se ao Partido Verde, concorreu à Presidência em 2010 e ficou em terceiro lugar, com quase 20 milhões de votos.
Para o sociólogo e cientista político Sergio Abranches, Marina tem uma biografia extraordinária. “Melhor que a do Lula do ponto de vista de progresso pessoal. O Lula se recusou a estudar e ela, analfabeta até os 16 anos, tem curso superior. Ela tem uma inteligência rara acoplada a uma persistência, uma capacidade de superar dificuldades muito grande”, afirma Abranches.
Correndo por fora, Aécio Neves, o candidato do PSDB do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tem 15% das intenções de votos. Nascido em Minas Gerais, é neto do ex-presidente Tancredo Neves, de que foi, desde bem jovem, secretário pessoal. Aos 54 anos, o considerado candidato das elites foi deputado federal, por quatro mandatos, governador de Minas Gerais por dois e senador da república.
Mas, apesar do destaque para histórias de vida, como a da candidata Marina Silva, o escritor Chico Góes lembra que estamos falando, no caso de todos os candidatos, de seres humanos com defeitos pessoais e administrativos.
“Os candidatos são de carne e osso, são vulneráveis, mas não é para o eleitor pensar que nenhum presta. A gente quer chamar a atenção para a questão que todos são humanos, todos têm ligação políticas, todos pertencem a determinados grupos, ” explica.
O autor do livro “O Lado B dos Candidatos” lembra que os perfis desses três nomes que batalham pela presidência, Dilma Roussef, Marina Silva e Aécio Neves, também têm pontos fracos. No caso de Dilma, a natureza intolerante a opiniões alheias seria um dos destaques negativos. Já Marina Silva vende a ideia de uma nova política, mas já está no meio há mais de 20 anos. Contra Aécio Neves pesaria a imagem de um homem que não abre mão de uma vida pessoal, muitas vezes atribulada.