O Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE) revela que Moçambique tem uma poupança interna muito limitada, que não financia nem 10 por cento do investimento nacional em virtude de toda a economia estar estruturada na base de poupanças de outros países, o que conduz a um endividamento difícil de controlar.
Moçambique tem crescido à base da substituição da poupança interna pela externa, o que significa que o país não tem criado a sua própria poupança, de acordo com o IESE.
Contudo, nos últimos tempos, começa a haver uma poupança positiva, mas que ainda é muito limitada “porque não financia nem 10 por cento do investimento nacional", de acordo com o director daquela instituição.
António Francisco afirmou que "toda a economia moçambicana está estruturada na base de poupanças de outros países, nomeadamente, o investimento estrangeiro, o crédito comercial e donativos".
Aquele académico refere que isso tem implicações "porque a regra de ouro é que o país deve crescer, principalmente, na base da sua poupança nacional e complementar com poupança externa, mas no nosso caso, a opção foi o contrário".
De acordo com Francisco, o recurso à poupança externa conduz a um endividamento difícil de controlar.
O director do IESE afirmou ainda que em 1984 Moçambique teve uma situação em que, praticamente, não conseguia pagar a sua dívida e teve que renegociá-la, num processo que foi facilitado pelo Fundo Monetário Internacional FMI.
Em 1999, a mesma situação repetiu-se e beneficiou-se do perdão da dívida.
"No caso recente, o processo acelerou-se porque apareceram tantas dívidas ocultas que precipitaram o endividamento", destacou António Francisco, referindo ser importante que Moçambique comece a tentar aproveitar a poupança externa para capacitar o investimento e não para consumir.