A Polícia Nacional desaconselha a ponta da Restinga, no Lobito, província de Benguela, para o festival de música da ‘’LS Republicano’’, a empresa promotora do trágico espectáculo realizado no Estádio do Nacional, soube a VOA de fonte da corporação.
Com as oito mortes e os vários feridos registados em 2016 presentes na memória dos cidadãos, o Comando Provincial sugere um outro palco para receber o conceituado grupo antilhano os Kassav.
Um oficial superior do Comando Provincial de Benguela revelou, em anonimato, que os conselhos da Polícia Nacional esbarram nos interesses económicos da organização e da própria Administração do Lobito, que até já veio a público garantir condições de segurança.
O apelo, segundo a mesma fonte, não decorre da falta de agentes da ordem, contrariamente ao que se possa imaginar, mas do facto de o risco estar à espreita num local que vai albergar milhares de espectadores.
Algo, aliás, a que já se tinha referido o activista cívico Chipilika Eduardo.
“Praia mais folia é sempre preocupante, na medida em que as pessoas, num estado de euforia, podem ir para o mar. Não conhecemos os meandros da organização, mas não deixa de ser preocupante’’, apela Eduardo.
Confrontado com a posição da Polícia, o jurista Viriato Nelson salienta que um conselho pode ou não ser acatado, mas lembra as responsabilidades de quem organiza o festival de música.
“Um conselho é só um conselho, embora bem-vindo, mas não é vinculativo. Pode ser acatado ou não, mas cabe à organização garantir dignidade aos assistentes, até porque, conhecendo-se os riscos, terá de assumir qualquer tipo de falha’’, refere o jurista.
A VOA sabe que o Ministério Público está a ultimar aspectos relativos ao inquérito instaurado às mortes ocorridas no Estádio do Nacional em Outubro do ano passado.
A ‘’LS Republicano’’, empresa do jovem Nino, em muitas ocasiões patrocinada pelo empresário Bento Kangamba, continua a optar pelo silêncio.