O vice-presidente americano, Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo, negaram nesta quinta-feira, 6, ser os autores de um artigo de opinião anónimo publicado ontem pelo jornal The New York Times, que descreve “duas administrações” na Casa Branca e cujo autor considera-se “parte da resistência”.
O director de Comunicação de Pence, Jarrod Agend, refutou qualquer relação com o texto, intitulado “Sou parte da resistência dentro do Governo Trump”.
“O vice-presidente assina as colunas que ele escreve”, disse Agend no twitter, acrescentado que o The New York Times “deveria ter vergonha, tanto quanto essa pessoa que escreveu esse artigo falso, absurdo e covarde”.
“Estamos acima dessas manobras de amadores”, completou o director da comunicação do vice-presidente.
Na Índia, onde está em visita, o secretário de Estado disse aos jornalistas que o texto não é dele, acrescentando que "não devia ser surpresa" a publicação de "tal artigo" pelo New York Times.
Mike Pompeo considerou que, se o artigo foi de facto escrito por um alto funcionário da administração, o jornal não deveria dar crédito às "falsas" alegações de um "actor descontente".
Pompeo acusou a imprensa de tentar sabotar a administração Trump, o que classificou como "incrivelmente perturbador".
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Parte da resistência
O artigo intitulado “Sou parte da resistência interna à administração Trump”, revela que muitos altos funcionários do Governo vêm trabalhando para frustrar partes da agenda de Trump para proteger o país dos seus piores impulsos.
Na coluna, o funcionário descreveu “sussurros iniciais” entre integrantes do gabinete de Trump para tomar medidas para removê-lo do cargo de Presidente, mas acrescentou que eles recuaram para evitar uma crise constitucional.
O funcionário escreveu que a raiz do problema é que Trump é amoral e não está ancorado em nenhum princípio discernível que guie a sua decisão.
“Pode ser um conforto frio nesta era caótica, mas os americanos devem saber que há adultos na sala”, escreveu o autor.
Questionado ontem sobre o artigo durante um evento na Casa Branca, Trump o chamou de “editorial covarde”, criticou o New York Times como “fracassado” e assinalou conquistas económicas que, segundo ele, são prova de sua liderança.
Olhando para as câmaras, ele disse: “Ninguém vai chegar perto de me vencer em 2020 por causa do que fizemos”.
O presidente republicano depois escreveu uma mensagem com uma palavra no Twitter: “Traição?”
Mais tarde, disse que "se a pessoa anónima realmente existe, o Times deve, para fins de Segurança Nacional, entregá-la ao Governo imediatamente!”
O jornal tomou o que chamou de passo raro ao publicar uma coluna de opinião de uma autoridade sob um acordo para manter o nome do autor em segredo.
Alegou que o cargo do funcionário sénior do Governo estaria comprometido por sua divulgação.