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Pedem medidas para combater violência no Brasil


Este é mais um dos protestos da Greenpeace no Brazil. Em 2009 a mesma organização protagonizou uma acção na estátua do Cristo Rei na cidade do Rio de Janeiro
Este é mais um dos protestos da Greenpeace no Brazil. Em 2009 a mesma organização protagonizou uma acção na estátua do Cristo Rei na cidade do Rio de Janeiro

Um projecto de lei que tipifica como terrorismo certos tipos de crimes cometidos em manifestações vai ser discutido no Senado,

A morte, nesta segunda-feira (10), do repórter de imagem Santiago Andrade, 49 anos, ferido em mais um protesto popular choca, revolta e coloca o assunto “manifestação” no centro das discussões do executivo, do legislativo e do brasileiro em geral.

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O profissional da TV Bandeirantes foi atingido na cabeça por um foguete quando filmava, na semana passada no Rio de Janeiro, um acto contra o aumento das passagens de autocarro.

Sob forte pressão da sociedade, a polícia carioca pediu a prisão do manifestante acusado de ter acendido o artefacto que atingiu Santiago Andrade. Fábio Raposo, outro manifestante acusado de entregar o foguete a quem o detonou, também está preso.

A morte do repórter de imagem é o resultado trágico de uma das primeiras das várias manifestações que estão prometidas para este ano, no Brasil, contra a Copa do Mundo e em prol de vários apelos sociais: tarifas mais justas no transporte público, melhorias na educação, saúde, segurança, entre outras demandas.

Senadores, que também são alvos das críticas dos manifestantes, repudiaram a violência contra o profissional da imprensa e cobraram punição, como diz a senadora Ana Amélia (PT-RS). “Nós aqui temos a obrigação de pedir as autoridades do Rio de Janeiro uma apuração exemplar desse episódio para que ele não fique impune porque é a impunidade que vem estimulando muito da violência que nós vivemos em nosso país”.

O repúdio à violência na manifestação contou com a reação do presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) Daniel Slavieiro: “uma vez que uma profissional de imprensa deixa de poder exercer a sua profissão, quem mais perde é a sociedade brasileira que deixa de ser informada”.

Nesta segunda-feira (10), novos confrontos entre polícia e manifestantes foram registados em São Paulo e no Rio de Janeiro durante protestos contra preços das tarifas de autocarro. Várias outras manifestações já estão sendo programadas para os próximos dias em capitais brasileiras.

A constância das manifestações, assim como os episódios de violência , deixam a sociedade e o governo brasileiro apreensivos. O governo federal deve realizar nos próximos dias reuniões com governadores dos Estados para discutir os protestos neste ano do mundial de futebol.

A onda de protestos, iniciada no ano passado, provoca de todos os lados propostas para lidar com a violência nos atos. O senador Jorge Viana do PT do Acre defende, por exemplo, a criminalização das pessoas que cobrem o rosto em atos populares. “É inaceitável que, em um país que vive a plena democracia, alguém coloque máscaras para reivindicar algo nas ruas. Tem que ser tipificado como crime esse tipo de atitude. As consequências nós estamos vivendo no dia de hoje. Está escrito agora na história do país que um profissional inocente foi atingido de morte na cabeça”, disse.

Os deputados brasileiros apreciam propostas para endurecer a legislação para quem praticar violência dentro e nas imediações dos estádios durante a Copa do Mudo. Um projecto de lei que tipifica como terrorismo certos tipos de crimes cometidos em manifestações pode entrar em pauta no plenário do Senado, ainda nesta terça-feira (11). A pressão para a aprovação do projeto vem aumentando cada vez mais.

Junto às críticas às ações da polícia e à falta de acção do governo, às sugestões da oposição e da situação para o enfrentamento da violência nas ruas está também o sentimento de imprevisibilidade que cerca o futuro desse tipo de movimento popular no Brasil. No meio de tudo isso, estão apelos emocionados de brasileiros comuns afetados pelo fenômeno. São desabafos, como o da esposa do repórter de imagem morto, Arlita Andrade.

"Eu peço que essas pessoas não sejam violentas, que não façam isso. Isso não vai levar a nada. O nosso Brasil só vai ser mal visto, ninguém vai querer olhar depois para a nossa terra. Que eles façam uma coisa [manifestação] pacífica, porque só sendo pacífica a gente consegue as coisas. Não adianta essa violência toda. Todos nós somos brasileiros, não podemos deixar nosso país ficar assim”, apelou Arlita Andrade.
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