Pais de alguns dos activistas angolanos acusados dos crimes de rebelião e de actos preparatórios para um golpe de Estado manifestam-se preocupações sobre o andamento do processo. O advogado de defesa David Mendes vai mais longe e diz que há actos que podem levar à anulação do julgamento e estima que o mesmo possa durar, no mínimo, mais duas semanas.
Fernando Baptista, pai de Nito Alves, lamenta a duração do interrogatório, mas diz esperar que a justiça seja feita dentro da lei e da Constituição.
“Durante dois dias fizeram perguntas que não tinham nada a ver e depois de tanto tempo uma pessoa não diz coisa como coisa”, revela Baptista que espera “que se faça justiça à luz da Constituição”.
A mãe do activista Mbanza Hamza, denunciou o espancamento do filho e pergunta se para “além de estar preso, privado da sua liberdade, o réu ainda tem de ser espancado pelos policias”.
A pergunta foi dirigida, como afirmou, ao Comandante-Geral da Polícia Nacional Ambrósio de Lemos, mas reiterou que “a justiça será feita por Deus”.
“Prefiro morrer em vez de ver o que está a passar com o meu filho”, conclui.
Por sua vez, a mãe do réu Osvaldo Caholo, Isabel Correia, que discutiu com forças policiais dentro da sala por lhe terem dito que se fosse à casa de banho não poderia voltar a entrar, denunciou o facto de o juiz e o ministério público se referirem a ordens superiores.
“Eles saem e entram outra vez e sempre de referem a ordens superiores, mas quem é esse que dá ordens superiores, que apareça para o povo ver”, pediu Isabel Correia.
Quem também comentou o andamento do julgamento foi o advogado de defesa David Mendes que, apesar de algumas irregularidades, diz que o juiz está a portar-se bem.
“Por exemplo, questionamos como é que o juiz da causa traz provas no processo, o que significa um juízo inquisitório e o nosso sistema é acusatório”, explica Mendes que considerou esse facto um “erro processual muito grave”.
O advogado vai mais longe e revela que “estão a ser cometidos alguns erros que podem levar à anulação do processo” e critica o facto de uma procuradora estar a “usar uma máscara, ninguém sabe quem está aí escondida”.
Para David Mendes, “a procuradora representa o Estado e o Estado não pode se esconder”.