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Oposição brasileira critica presidente por cancelar visita oficial aos EUA


A decisão foi tomada depois das denúncias de que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) teria espiado as comunicações de Dilma Rousseff.

No Brasil, os políticos da oposição estão a criticar o cancelamento da visita oficial da presidente Dilma Rousseff aos Estados unidos, prevista para 23 de Outubro. Para grupos oposicionistas, o anúncio da suspensão da viagem foi uma "jogada" de marketing.
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O governo Rousseff já analisava, há alguns dias, a possibilidade de suspender a agenda da mandatária no território norte-americano, depois das denúncias de que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) teria espiado as comunicações de Dilma, de assessores dela e até da companhia petrolífera Petrobrás.

O Palácio do Planalto divulgou nota garantido que a decisão foi tomada em conjunto com o presidente americano Barack Obama. Na nota, o governo afirma que a presidente espera que o compromisso seja remarcado, o mais rápido possível, assim que as denúncias de espionagem de brasileiros forem esclarecidas.

Para o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), um candidato em potencial à disputa pela residência brasileira em 2014, a viagem aos Estados Unidos não deveria ter sido desmarcada, nem mesmo diante dos escândalos de espionagem. “Todos nós já demonstramos a nossa indignação em relação ao que ocorreu, a espionagem é inadmissível. Mas, na nossa avaliação, seria muito mais adequado que a presidente dissesse isso de forma objetiva e clara ao presidente norte-americano. Ela deveria ter aproveitado essa viagem não apenas para tratar dessa questão, mas para defender os interesses da economia e até mesmo de determinadas empresas brasileiras. Era a oportunidade de a presidente ter uma agenda afirmativa em defesa dos interesses do país”, afirmou Aécio.

“O correto seria que ela mantivesse a viagem. Nela estariam previstas reuniões de interesse do Brasil, de setores importantes da economia, no que diz respeito ao saldo da nossa balança comercial. Essas são questões reais que deveriam ser tratadas pela presidente da república”, completou.

O senador acusou a presidente de deixar de pensar no melhor para o país para optar pelo o que poderia ser melhor para a imagem dela. “Mais uma vez, a presidente privilegiou o marketing. O curioso é que, ao que parece, a decisão não foi tomada em reunião como o ministro das Relações Exteriores, como deveria ser. O ministro só foi comunicado. A decisão foi tomada com aqueles que formulam a estratégia eleitoral da presidente,” finalizou.

O líder do PT, legenda da presidente na Câmara dos Deputados, Walter Pinheiro (PT-BA) defende a decisão da mandatária. “Ela não tomou a decisão nem movida pelo o rancor, nem movida pela ira de ter sido espionada. Ela tomou a decisão como Chefe de Estado, portanto, com elementos suficientes para isso. Cabe a nós apoiar a presidente e nos colocar à disposição para que outros encaminhamentos sejam tomados para que tratemos essa questão (da espionagem) em nível internacional e não só aqui dentro.” Longe do olhar político para comentar a decisão tomada por Dilma, especialistas também se dividem quanto aos impactos que o cancelamento da viagem pode causar nas relações entre os dois países.

Para uma corrente, a visita de Outubro dificilmente traria algum resultado significativo para os dois países. Mas, mesmo assim, o adiamento causa ruídos incómodos e talvez desnecessários na relação entre os dois países.

O especialista, Diretor do Centro de Direito Internacional de Belo Horizonte, Delber Andrade, não acredita que o cancelamento da visita oficial trará consequências para o Brasil.

“Se a gente vai avaliar do ponto de vista de relacionamento, do que tem acontecido em termos de comércio, das conversas de inovação e da parceria do governo brasileiro com o norte-americano, é uma resposta que não significa comprometimento dessas relações”, afirma Delber.

“O próprio governo brasileiro e o norte-americano sinalizaram uma eventual nova visita em data a ser mutuamente acertada e concordaram que um dos grandes objetivos do cancelamento foi evitar que a visita ficasse ofuscada pela discussão da espionagem.”

“É inegável que os Estados Unidos e o Brasil têm uma posição muito diferente em relação ao tratamento das informações, a regulamentação dos dados na internet. O Brasil fará, inclusive, um discurso muito crítico com relação a isso em Nova Iorque. Mas, por outro lado, não podemos dizer que as relações dos EUA com o Brasil estão estremecidas a ponto de termos um abalo muito grande nas outras arenas”.
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