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Oposição angolana quer investigação a negócios com companhias das "dívidas ocultas"


Alcides Sakala, porta-voz da UNITA
Alcides Sakala, porta-voz da UNITA

Consultora revela negócios de Angola com empresa que foi "pivot" do chamado caso de "dívidas ocultas"

A oposição parlamentar angolana quer uma investigação imediata aos acordos assinados pelo Governo angolano com a companhia envolvida no escândalo das “dívidas ocultas” de Moçambique.

A UNITA, pelo seu porta-voz Alcides Sakala, diz que a Procuradoria-Geral da República (PGR) já devia ter tomado alguma medida.

"As instituições moçambicanas estão muito mais avançadas que as nossas, aqui em Angola ainda se confunde o Estado com o partido”, disse Sakala, para que "noutras realidades as instituições de justiça já teriam tomado medidas para se apurar a verdade, mas aqui fica-se com a impressão que ainda há dois pesos e duas medidas para determinados factos".

Por seu lado, a CASA-CE, através do seu deputado Leonel Gomes, entende que perante o facto que somas avultadas estão envolvidas numa negociação de contratos com um grupo suspeito, a PGR devia despoletar imediatamente uma investigação para apurar verdades.

Leonel Gomes
Leonel Gomes

"Só assim se concretiza o propalado combate à corrupção e branqueamento de capitais”, defendeu.

“Esperamos todos que a PGR e outros órgãos assim o façam para que tenhamos de facto um combate serrado e sem fronteiras", acrescentou aquele parlamentar.

O jurista Pedro Kaparakata manifestou dúvidas de que essa investigação seja feita pois os governos "tanto de Angola como de Moçambique servem-se das procuradorias como instrumentos das suas atitudes ilícitas”.

“Não esperem que a PGR aqui vai actuar, isso não é possível e muito menos (podemos contar com) os tribunais", concluiu o jurista.

A revelação

Num relatório divulgado recentemente, a companhia de análise de risco em África EXX Africa revelou que o Ministério da Defesa de Angola, sob a liderança do actual Presidente da República, João Lourenço, esteve envolvido em negócios de centenas de milhões de dólares com a empresa Privinvest, acusada de subornar e corromper destacadas entidades oficiais moçambicanas no escândalo das chamadas “dívidas ocultas”.

O documento afirma que esses negócios ameaçam minar o combate à corrupção do Governo de Lourenço, de “embaraçar destacados políticos angolanos e colocar novos riscos de reputação para os investidores em Angola”.

A consultora afirma que há sinais de alarme quanto aos negócios da Privinvest em Angola “alguns deles que assinalam perigos para a reputação do Presidente João Lourenço”.

Lourenço em Moçambique, pelas mãos da Privinvest

Os consultores acrescentam que quando era ministro da Defesa o actual Presidente visitou Moçambique, “como parte de um esforço da Privinvest de lhe vender um pacote semelhante”.

O documento diz que Angola – através da companhia Simportex que pertence ao Ministério da Defesa – assinou um contrato para a compra de barcos e instalação de capacidade de construção, no valor de 495 milhões de euros “com semelhanças notáveis” ao acordo assinado com as empresas Proindicus e MAM de Moçambique.

O funcionário da Privinvest Jean Boustani, preso em Nova Iorque por alegado envolvimento na corrupção em redor das “dívidas ocultas” de Moçambique, esteve também envolvido em negociar os acordos da Privinvest em Angola.

O documento acrescenta que uma companhia de João Lourenço - Consultores e Prestação de Servilos (JALC) - “ teve um papel nessas negociações”.

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