A Polícia Federal (PF) do Brasil confirmou que a construtora Odebrecht, que tem uma enorme carteira de obras em Angola, pagou ao publicitário João Santana para trabalhar em campanhas eleitorais em eleições no exterior, nomeadamente em Angola e El Salvador.
Uma reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo na segunda-feira, 6, que cita documentos da polícia, indica que apenas na campanha do MPLA às eleições de 2012 Santana recebeu 50 milhões de dólares, valor considerado absurdo por outros publicitários ouvidos por aquele jornal, já que José Eduardo dos Santos preside o país há 37 anos.
A PF suspeita que os valores recebidos por João Santana em Angola foram, de facto, pagamentos por campanhas que o publicitário fez no Brasil, o que a defesa nega com veemência.
O advogado Fabio Tofic Simantob, que defende Santana, diz que as suspeitas de que ele tenha recebido luvas da Odebrecht são completamente infundadas.
De acordo com Simantob, a única irregularidade que o seu cliente cometeu foi ter recebido recursos de caixa dois no exterior.
A mulher de Santana, a também publicitária Mônica Moura, confessou que recebeu 3 milhões de dólares da Odebrecht em conta na Suíça.
Os procuradores da operação Lava Jato já têm provas de que Santana recebeu também 4 milhões de dólares do lobista Zwi Skornicki, que representava os interesses de um estaleiro de Singapura.
De acordo com o advogado de Santana, o seu cliente recebeu por serviços que prestou, o que não configura os crimes de corrupção ou lavagem de dinheiro.