O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) e encarregados de Educação denunciam a venda de vagas nas escolas do ensino médio em Luanda, enquanto estudantes pedem a presença do Serviço de Investigação Criminal (SIC) nas escolas.
Entretanto, o Ministério da Educação impõe o limite de 36 alunos por turma, o que vai aumentar ainda mais o número de estudantes que ficam fora do sistema de ensino.
Estudantes e encarregados de educação dizem que a venda de vagas podem chegar a 300 mil kwanzas e os pais afirmam não haver bolso que aguente.
"No Kilamba, na escola pública nada de vaga, aqui no IMS estão a pedir 300 mil kwanzas por vaga, outro filho foi ao IMEL pediram 250 mil kwanzas, onde vou parar? Tu chegas lá e dizem que não há vaga, mas se mexeres no bolso e tiveres 300 mil kwanzas a vaga aparece rápido", afirma um encarregado de educação.
Manuel Mazanga, da Associação de Pais e Encarregados de Educação, diz que tem que pagar quase um milhão de kwanzas para ter os filhos na escola, mas “não há como”.
O MEA afirma ter feito chegar uma queixa à polícia de investigação, mas sem qualquer resposta.Francisco Teixeira, do MEA, denuncia a incapacidade do Executivo para combater o mal.
"O Governo não consegue combater isso nas escolas e diz que está a combater a corrupção, como? Nas escolas, o número de crianças que vai ficar de fora cresce todos os dias", revela Teixeira.
E para agravar ainda mais a situação dos alunos que têm dificuldades em entrar no sistema de ensino, a ministra da Educação publicou uma circular que proíbe as escolas de ter mais de 36 estudantes numa sala de aula.
Francisco Teixeira considera a medida de "despropositada" e diz não compreender “o que o Estado quer com a formação dos pobres, porque com a escassez de vagas ainda limita o número, o que vai aumentar ainda mais o universo de crianças fora da escola".
Dados oficiais apontam para perto de três milhões de pessoas fora do sistema de ensino por falta de vagas em Angola.