A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala deve ser confirmada nesta segunda-feira, 15, no cargo de directora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), sendo assim a primeira mulher e africana a ocupar tal posição.
Apontada pela maioria dos países como a mais indicada para o cargo, em Outubro de 2020, Okonjo-Iweala viu a sua vitória em causa quando o então Presidente americano Donald Trump decidiu apoiar a candidatura da sul-coreana Yoo Myung-hee.
As duas mulheres foram anunciadas como finalistas para o cargo mais importante da OMC, uma das mais importantes agências internacionais, a partir de um grupo de oito candidaturas ao longo de vários meses, tendo Okonjo-Iweala emergido como a que reunia mais apoios.
O processo entrou então num impasse que terminou há uma semana quando Myung-hee decidiu retirar a sua candidatura depois de perguntar à nova Administração Biden qual a sua intenção de voto, tendo Washington dito que apoia a opção maioritária, a candidatura de Okonjo-Iweala.
“[Ngozi] é amplamente respeitada pela sua liderança eficaz e tem experiência comprovada na gestão de uma organização internacional com diversos membros”, disse a Administração americana em comunicado.
O escritório do representante de Comércio dos EUA na organização afirmou, na altura, que Okonjo-Iweala "traz uma riqueza de conhecimento em economia e diplomacia internacional, com os seus 25 anos no Banco Mundial e dois mandatos como ministra das Finanças da Nigéria."
O porta-voz da Molly Toomey afirmou recentemente numa nota que “a Doutora Okonjo-Iweala está ansiosa para se concentrar nas muitas reformas necessárias no OMC e que ficou emocionada com os apoios recebidos.
Ngonzi Okonjo-Iweala foi a primeira mulher a dirigir os Ministérios das Finanças e das Relações Exteriores da Nigéria, foi directora de Operações do Banco Mundial e, recentemente, liderou um programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater a Covid-19.
Entre as principais tarefas da próxima líder da OMC está a reforma da organização, considerada necessária antes mesmo da eclosão da pandemia de Covid-19, num contexto de negociações paralisadas e de tensões entre Washington e Pequim.
Superação
Nascida em 1953 na Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala conseguiu superar as dificuldades do seu país na época e fazer a sua formação em Economia nas consagradas universidades americanas de Harvard e do Massachussets Institute of Techonology (MIT).
Ela superou o machismo marcante na Nigéria e em várias organizações onde se destacou até se afirmar com uma personalidade reconhecida a nível mundial pela sua capacidade técnica e valor pessoal.
Ngozi Okonjo-Iweala substitui o brasileiro Roberto Azevêdo, que, depois de seis anos à frente da OMC, renunciou ao cargo em Agosto do ano passado, um ano antes do fim do mandato que seria em Agosto deste ano.