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Mulheres combatentes debatem processo da luta e desafios actuais


Mulheres da Unita (Arquivo)
Mulheres da Unita (Arquivo)

Fundação Amílcar Cabral promove debate com combatentes dos países africanos de língua portuguesa

As mulheres deram uma grande contribuição no processo de libertação dos países africanos de língua portuguesa, nomeadamente na luta armada ao lado dos homens.

O valor e o papel da mulher nessa etapa da vida daqueles países esteve em debate no fim-de-semana em Cabo Verde, num seminário internacional organizado pela Fundação Amílcar Cabral, em colaboração com a Fundação Rosa Luxemburgo.

A combatente da liberdade da pátria, Josefina Chantre afirma que se sente orgulhosa e privilegiada de ter estado ao lado de Amílcar Cabral e contribuído para a independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde sob a liderança política do PAIGC.

O papel de Cabral

"Embora tivéssemos enfrentado algumas dificuldades já que estávamos num terreno maioritariamente masculino, penso que os ensinamentos transmitidos por Cabral foram determinantes para ultrapassarmos as barreiras e dar a nossa contribuição com garra, nas missões para as quais éramos incumbidas”, lembra Chantre.

Passados 43 anos da independência, ela considera que houve ganhos assinaláveis para uma melhor intercessão da mulher nas diferentes esferas da sociedade, mas entende que ainda são necessárias melhores condições que permitam o empoderamento económico feminino, sobretudo no meio rural.

Josefina Chantre defende o reforço na educação e formação, para que as cabo-verdianas, cuja maioria labora no mercado informal, tenham acesso ao emprego digno e salários justos.

Educação na Guiné-Bissau

Lina Emel, da Guiné-Bissau ter visto alguns familiares seus presos pelas forças coloniais e, por isso, decidiu participar no processo de libertação, mas acabou por ser presa.

Não podendo estar no terreno da luta, resolve em Bissau com 14 anos tornar-se militante do PAIGC e contribuir para a mobilização de outros jovens para a causa da independência do seu país.

Depois da Independência enveredou-se pela área da educação, sector que, para Lina Emel, precisa de uma maior atenção das autoridades governamentais.

"Não se pode pensar o desenvolvimento de uma nação sem a capacitação de homens e mulheres, por isso defendo uma forte aposta na educação e formação na Guine Bissau, país que precisa também criar mecanismos e condições para a valorização da mulher, no sentido da mesma atingir cada vez mais, posições cimeiras na esfera económica, social e política", realça Emel.

Embora não tenha participado no processo de libertação de Moçambique sob a condução da Frelimo, Isabel Maria Casimiro interessou-se pelo papel que outras mulheres desempenharam no processo, daí a iniciativa em realizar estudos sobre a temática.

Desafios actuais

Nas conversas que manteve com as combatentes, Casimiro disse ter constatado que inicialmente estava reservado às mulheres o papel de educar, tomar conta dos infantários e outros cuidados, nas zonas que iam sendo libertadas.

No entanto, diz que elas acabaram por tomar a iniciativa de receber treinos militares e ir para frente de combate.

A investigadora reconhece que a mulher marca boa presença no Parlamento e no Governo, mas considera que, na prática, isso não traduziu ainda em ganhos reais para boa franja da camada feminina, que enfrenta dificuldades no acesso à educação, formação, emprego, sem esquecer a violência baseada no género.

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