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Morreu o ex-Papa Bento XVI


Papa Bento, Vaticano, Abril, 2005 
Papa Bento, Vaticano, Abril, 2005 

O Papa Emérito Bento XVI, que liderou a Igreja Católica por quase oito anos antes de se tornar o primeiro papa a renunciar em seis séculos, morreu, no sábado (31), aos 95 anos.

A morte de Bento XVI ocorreu após um apelo do Papa Francisco para orar por ele, com o Vaticano anunciando que a saúde do ex-pontífice havia piorado devido à “idade avançada”.

Quando fez o anúncio chocante, em 2013, de que deixaria o cargo, Bento disse que não tinha mais força física e mental para servir como papa.

Ele raramente fazia aparições públicas na sua reforma, dedicando os últimos anos da sua vida à oração e à meditação, enquanto vivia num antigo convento, no Vaticano.

Em carta de 2018, ao jornal italiano Corriere della Sera, Bento XVI descreveu “o lento enfraquecimento das minhas forças físicas”, dizendo que estava “numa peregrinação interior em direção ao lar”.

Primeiros anos

Nascido Joseph Ratzinger, em 1927, em Marktl am Inn, Alemanha, ele passou a sua juventude, no sudeste da Alemanha, perto da fronteira austríaca. Ele ingressou no seminário um ano antes do início da Segunda Guerra Mundial e acabaria sendo convocado para o exército alemão, onde serviu numa unidade antiaérea antes de desertar, nos últimos dias da guerra.

Retornou aos estudos teológicos e em 1951 foi ordenado sacerdote.

Depois de anos ensinando e servindo como conselheiro do Concílio Vaticano II, em 1977, o Papa Paulo VI nomeou Ratzinger arcebispo de Munique e Freising e mais tarde fez dele um cardeal.

Ratzinger passou mais de 20 anos liderando a poderosa Congregação para a Doutrina da Fé, e era amigo íntimo e conselheiro do Papa João Paulo II.

Ele presidiu a missa fúnebre de João Paulo II, em Abril de 2005 e, no mesmo mês, foi eleito o 265º pontífice.

Legado papal

O tempo de Bento XVI como papa incluiu as consequências de escândalos de abuso sexual infantil envolvendo o clero, que surgiram durante o papado de João Paulo II. A sua resposta incluiu a expulsão de padres e pedidos de desculpas e reuniões com as vítimas.

Um relatório de Janeiro de 2022 o acusou de não ter agido em quatro casos durante seu mandato como arcebispo de Munique. Em carta divulgada pelo Vaticano, Bento XVI reconheceu o que chamou de “erros” ao lidar com as acusações de abuso sexual e disse que só poderia “expressar a todas as vítimas de abuso sexual a minha profunda vergonha, minha profunda tristeza e meu sincero pedido de perdão.”

Em 2006, Bento XVI provocou protestos do mundo muçulmano, após um discurso em Regensburg, na Alemanha, no qual citou um imperador bizantino declarando o que para alguns muçulmanos era visto como um ataque ao Islão.

Em 2013, o seu mordomo foi condenado por pegar documentos sensíveis e confidenciais dos aposentos papais e vazá-los para jornalistas.

Na época da reforma de Bento, Brennan Pursell, um dos seus biógrafos, disse à VOA que ele será lembrado antes de mais nada como professor.

“O seu legado como papa sobreviverá nos seus escritos, acima de tudo, e na sua catequese [instrução religiosa/fé], suas encíclicas [cartas papais], seus vários documentos”, disse ele.

“E para as pessoas que apenas leem o que está online, elas podem ter uma noção da incrível extensão da contribuição desse homem para o ensino da igreja,” acrescentou Pursell.

O padre Thomas Reece, da Universidade de Georgetown, disse que Bento XVI “tinha ideias muito fortes sobre a doutrina da igreja, a ortodoxia e as tradições da igreja. Ele não tinha medo de perseguir padres, religiosos e teólogos que discordavam dele – basicamente tentar silenciá-los”.

(Esta notícia tem algumas notas da Associated Press, Agence France-Presse e Reuters)

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