A escritora sul-africana Nadine Gordimer, Prêmio Nobel de Literatura em 1991 e engajada na luta contra o apartheid, morreu no domingo, aos 90 anos.
De acordo com um comunicado da família, Gordimer faleceu tranquilamente enquanto dormia em sua residência em Johannesburgo.
No comunidade, os filhos dizem que o “seu maior orgulho não foi apenas ganhar o Prómio Nobel de Literatura em 1991”, mas também ter sido testemunho no julgamento, em 1986, de 22 membros do ANC em que todos foram absolvidos.
A romancista e Prémio Nobel colocou os seus textos ao serviço da luta contra o apartheid e fez "surgir a História a partir de vidas individuais".
"Quando escrevemos, nós nunca estamos isolados da sociedade e do mundo", disse a mulher branca, que sempre se recusou a deixar a África do Sul, mesmo nas horas mais sombrias da segregação racial.
Elegante, mesmo nos seus últimos anos de vida, esta filha de imigrantes judeus desenvolveu uma prosa que fazia jus à sua imagem: simples, subtil e intransigente.
Ela escreveu 15 romances ("Burger's Daughter", "My son's story", "Ninguém para me Acompanhar", entre outros) e muitos contos (A soldier's embrace, Something out there...), alguns dos quais foram censurados durante o apartheid.
Nascida a 20 de Novembro de 1923, Nadine Gordimer era filha de imigrantes judeus oriundos da Europa Oriental. Ela cresceu num bairro rico da pequena cidade mineira de Springs, a leste de Johannesburgo.
A sua mãe, convencida de que ela sofria de uma doença cardíaca, retirou-a da escola. Frequentou regularmente bibliotecas e começou a escrever aos nove anos de idade.
Publicou o primeiro romance aos 15 anos em uma revista local.
"Anos mais tarde, eu percebi que se eu fosse negra, eu provavelmente não me tornaria uma escritora, uma vez que as bibliotecas que eu frequentava eram proibidas para os negros", disse ela ao receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1991.
Ligada a advogados de Nelson Mandela, ela foi uma das primeiras figuras que o ícone da luta anti-apartheid pediu para ver depois de sua libertação da prisão em 1990.
Ela continuou a escrever após o democratização do país em 1994, sem hesitar, apesar de sua idade avançada, a apontar as falhas dos sucessores de Nelson Mandela no novo regime.
Muito discreta sobre a sua vida particular, opôs-se à publicação de uma biografia em 2005, em que o autor Ronald Suresh Roberts descrevia longamente a doença do seu último marido.
Nadine Gordimer casou-se duas vezes e teve um filho em cada casamento.