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Moradores de Musseque Baia acusam a polícia de atirar a matar


Bairro do Musseque Baia, Município de Viana
Bairro do Musseque Baia, Município de Viana

Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos exige responsabilidades pela morte de um senhora, polícia é feito arguido e PGR abre processo criminal

O Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos exige do Governo de Angola a responsabilização criminal dos autores do que considera um recente ataque à população do Bairro do Musseque Baia, de que resultou a morte de uma cidadã e o ferimento de três residentes, no Município de Viana, nas proximidades da Zona Económica Especial (ZEE) em Luanda.

Policia detido apos tiroteio no Musseque Baia - 3:38
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Os incidentes aconteceram na quinta-feira, 4, e um polícia foi constituído arguido, enquanto a Procuradoria Geral da República instaurou um processo criminal para apurar responsabilidades.

Para o Comando Provincial da Polícia Nacional, o incidente ocorreu na sequência de uma tentativa de invasão de terrenos na ZEE.

A VOA esteve nesta terça-feira, 10, no Musseque Baia ou Bairro de Lata, onde falou com quem, na passada quarta-feira, viveu momentos de terror, de pranto e de dor.

Denúncias

O jovem Calado conta que mais de 30 polícias atirarram “à queima-roupa” contra a a população, tendo um dos tiros atingido mortalmente a sua sogra, Doroteia Baptista Lopes.

Musseque Baía, que até então era uma zona constituída por lavras de mandioca e de outras culturas feitas por camponeses locais, é hoje um aglomerado de casebres de chapas de zingo, onde habitam algumas centenas de pessoas pobres.

O coordenador do bairro, Rafael Miloi Muacefu, contou que o espaço começou a ser habitado a partir de 2009, altura em que os donos das lavras decidiram vender os terrenos a terceiros.

Nessa mesma altura, o Governo decidiu transformar a área em Zona Económica Especial.

Muacefu disse que os residentes estão dispostos a abandonar o espaço desde que o Governo os indemnize e se abstenha do uso da violência.

Relatos colhidos no local indicam que a revolta da população e consequente reacção da polícia surgiu na sequência do espancamento, por dois agentes, do menorJosé António Pedro Canjala, de 12 anos de idade, que “apenas assistia à demolição da sede da comissão de moradores”.

Autoridades reagem

A VOA confirmou que os cidadãos Domingos José Pestana, de 64 anos,José Quichapéu, de 32, e Afonso Domingos Carvalho, de 33 anos, feridos durante a revolta, estão a receber assistência ambulatória na ZEE.

Entretanto, a Procuradoria-geral da República (PGR) anunciou ter instaurado um processo criminalpara apurar responsabilidades sobre a intervenção policial.

Aquele órgão da justiçareferiu ter sido “já constituído arguido o agente José Henriques Bartolomeu, a quem foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva”.

O Comando Provincial da Polícia Nacionaltinham informado que o incidente ocorreu “na sequência de uma tentativa de invasão de terrenos na ZEE” e que os disparos de arma de fogo visavam “dispersar a multidão”.

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