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Moçambique - possível destino para expropriados sul-africanos


Alguns agricultores comerciais brancos revoltados com a política do governo sul-africano podem procurar outras paragens para fazer agricultura.
Moçambique poderá beneficiar do processo da expropriação da terra sem compensação na África do Sul.

A ocupação das terras da maioria negra na África do Sul tem longa história. Algumas literaturas consideram que a ocupação começou com a chegada do navegador holandês Jan van Riebeck à península do Cabo em Abril de 1652 para estabelecer posto de abastecimento de navios holandeses a caminho da Asia oriental. Aproveitando-se da ingenuidade e de boa vontade dos nativos, o navegador tornou-se administrador colonial e foi recebendo outros holandeses na zona do Cabo.

Mais tarde, os imigrantes holandeses apropriaram-se das terras dos nativos usando da força contra os grupos étnicos locais. Em 1820 chegou o primeiro grupo de cidadãos britânicos na sequencia das guerras napoleónicas e elevado desemprego na Inglaterra.

Moçambique - possível destino para expropriados sul-africanos
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Os dois grupos de imigrantes europeus apropriaram-se das terras dos nativos. Em 1912, foi fundado o ANC para lutar pelos direitos e liberdades dos negros sul-africanos, incluindo a recuperação das terras usurpadas pelos brancos.

Os negros ocupam apenas cerca de 4 por cento da terra no país. O produtor e apresentador Radiofónico, Richard Moamba, disse que a expropriação da terra na África do Sul atingiu níveis brutais em 1913 com a introdução de uma lei estabelecendo que 87 por cento das terras devem ser ocupadas pela minoria brancos e os restantes 13 por cento pela maioria negra.

Sem meios de auto-subsistência, os negros passaram a ser trabalhadores nas farmas dos brancos, ou nas minas e centros urbanos. O ANC, no poder, quer reverter a situação, expropriando a terra sem compensação, livre de violência, anarquia e caos para manter a economia, produção e segurança alimentar. Mas os brancos estão em pânico, apesar dos apelos do governo à calma.

O Presidente Cyril Ramaphosa disse que a expropriação e redistribuição da terra deve ser considerada uma oportunidade de corrigir os erros do passado invés de ameaça à minoria branca aos investimentos.

Analistas interpelados em Joanesburgo foram unânimes em afirmar que os brancos devem conformar-se com a decisão da recuperação das terras usurpadas. Consideram que a África do Sul é um Estado de direito que não vai permitir a violência e anarquia. O presidente do ANC e do país disse que "não podemos tocar tambores de guerra" – disse Eduardo Honwana, Chefe da Redacção do jornal semanário Século de Joanesburgo, publicado em língua portuguesa. Para o seu colega Luis Peixoto, a minoria deve e vai aceitar a expropriação da terra, porque é uma decisão legal tomada pelo parlamento democraticamente constituído.

Malema diz que brancos podem "ir para o inferno"

Com 35 mil agricultores comerciais, África do Sul é considerado o celeiro da região que alimenta mais de 220 milhões de cidadãos sul-africanos e dos outros países vizinhos, incluindo Moçambique.

Richard Moamba disse que isso ajuda a economia da Africa do Sul.

Para Eduardo Honwana e Luís Peixoto, do grupo Século de Joanesburgo, a turbulência que pode acontecer por causa da expropriação da terra sem compensação na África do Sul poderá beneficiar Moçambique. Eduardo Honwana disse que quando da violência registada no Zimbabwe, alguns agricultores comerciais brancos fugiram para África do Sul e outros para zona centro de Moçambique. Luís Peixoto considera que muitos dos agricultores já têm idade avançada e podem ficar em casa conformando-se com o status quo.

Entretanto, a Austrália instruiu a sua embaixada na África do Sul para acelerar a concessão de vistos aos agricultores brancos que queiram abandonar o pais em protesto contra a expropriação da terra sem compensação. O governo sul-africano deplora a atitude da Austrália, insistindo que o processo vai decorrer sem violência nem caos como aconteceu no vizinho Zimbabwe.

Uma comissão parlamentar trabalha no assunto visando a revisão pontual do artigo 25 da constituição sul-africana para acomodar a expropriação da terra sem compensação.

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