Moçambique vai ter um Centro de Arqueologia a ser instalado este ano na Ilha de Moçambique.
A estrutura será a primeira do género no país e um dos poucos existentes no continente, que se dedicará essencialmente à pesquisa e arquivo documental sobre caravanas e rotas de escravos.
A iniciativa é financiada pelo Governo dos Estados Unidos da América, através do Fundo do Embaixador para a Preservação do Património Cultural.
De Moçambique e de outras partes de África, partiram milhares de escravos para vários destinos, incluindo para o continente americano.
O tráfico, o comércio de escravos terminou num passado já muito distante, mas as evidências e os testemunhos materiais desse período triste da história da humanidade ainda existem até hoje.
O património, no entanto, pode desaparecer para sempre, se medidas nesse sentido não forem tomadas.
Foi pensando nisso que se decidiu lançar a iniciativa, Slave Wreck Project, através da qual investigadores procuram descobrir e estudar a rota de escravos e navios negreiros naufragados.
Ricardo Teixeira Duarte, professor da Universidade Eduardo Mondlane, é o director do projecto Preservação e Protecção do Património Cultural Submerso e Terrestre Ameaçado do Comércio Global de Escravos na Ilha de Moçambique”.
A iniciativa é tutelada pelo Ministério da Cultura e Turismo e tem com forte envolvimento do Departamento de Arqueologia e Antropologia da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane.
O património arqueológico em redor da Ilha de Moçambique está a ser estudado.
Localizada a cerca de 200 quilómetros de Nampula, a capital provincial, a Ilha de Moçambique é considerada património cultural da humanidade pela UNESCO.
É preciamente lá que os promotores do projecto querem instalar um centro de arqueologia, o primeiro do género em Moçambique.
A perspectiva, segundo Yolanda Teixeira Duarte, investigadora, e colaboradora da Universidade Eduardo Mondlane e também da Universidade George Washington, nos Estados Unidos da América, é montar o centro ainda este ano.
Para materializar esse objectivo, contam com fundos disponibilizados pelo Governo norte-americano através da sua Embaixada em Maputo.
O representa american, Dean Pittman, diz estar muito interessado neste projecto.
A ideia é que as pesquisas podem trazer fortes revelações, confirmando que muitos americanos podem ser descendentes de escravos levados de Moçambique .
Pittman revela que o projecto está orçado em 187 mil dólares.
A iniciativa, no entanto, é transnacional, envolvendo Estados Unidos, Brasil, Cuba, Senegal, África do Sul, Reino Unido e Uruguai.