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Moçambique: Tensão e confrontos marcam repetição de eleições autárquicas em quatro municípios


Eleitores fazem a fila para votar nas Eleições Autárquicas em Moçambique.
Eleitores fazem a fila para votar nas Eleições Autárquicas em Moçambique.

Um total de 53.270 eleitores foram chamados hoje a repetir a votação em 75 mesas em Nacala-Porto, Milange, Gurué e Marromeu.

A repetição da votação no Município de Marromeu e em algumas mesas das autarquias de Gurué, Milange e Nacala Porto, em Moçambique, neste domingo, 10, decorre num clima de tensão, com vários relatos de incidentes, inclusive com armas de fogo.

Em Gurúe, na província da Zambézia, a polícia disse ter feito disparos para dispersar um grupo de pessoas que agredia dois homens suspeitos de possuir boletins de voto preenchidos, enquanto em Marromeu, província de Sofala, um presidente de mesa e um membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foram detidos por, alegadamente, possuírem boletins de voto preenchidos.

Nesse mesmo distrito, um membro da polícia municipal da Beira foi detido por ter espancado, por razões ainda desconhecidas, um delegado da Frelimo, na Escola Primária Completa Joaquim Chissano.

O comandante distrital Isidro Nhamacha acrescentou que “outras 18 pessoas, membros do MDM, ora a monte, também espancaram o referido delegado de candidatura”.

Muita tensão e forte presença policial

Num primeiro boletim, a plataforma de observação eleitoral conjunta Sala da Paz revela que a maioria das mesas abriram pontualmente às sete horas e tinham disponíveis os materiais para o início da votação.

Em Marromeu, aquela organização confirma que "após os primeiros incidentes da manhã, a polícia foi obrigada a reforçar o contingente para garantir a ordem nos postos de votação espalhados pela autarquia", segundo a polícia, enquanto os observadores da plataforma denunciaram um ambiente de tensão nas primeiras horas da eleição, com registo de "várias irregularidades, ilícitos, violência antes e depois da abertura da votação".

Em termos gerais, continua o boletim da Sala da Paz, “há uma forte presença policial nos quatro municípios, em alguns casos onde houve intervenção policial foram usadas viaturas descaracterizadas para retirar infratores”.

As primeiras horas “foram marcadas por um ambiente de tensão, com registo de várias irregularidades entre ilícitos eleitorais e até situações de violência antes da abertura, depois e durante o processo de votação”, lê-se no boletim que alerta que esta “situação está a preocupar a Sala da Paz pelo fato destas eleições serem repetição devido às irregularidades registadas durante a eleição do dia 11 de outubro”.

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A Sala da Paz diz ainda ter acompanhado com preocupação os pronunciamentos do diretor distrital do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) em Marromeu que afirmou “desconhecer os motivos que ditaram a repetição das eleições, o que revela alguma falta de transparência e sobre os critérios usados pelo CC para determinar a repetição ou não de eleições autárquicas”.

A plataforma alerta ainda que “esta falta de transparência pode resultar na dificuldade de correção das falhas cometidas no processo do dia 11 de outubro”.

A decisão de repetir eleições nos quatro municípios foi tomada pelo Conselho Constitucional (CC) depois de não validar os resultados de 11 de outubro por irregularidades.

Um total de 53.270 eleitores foram chamados hoje a repetir a votação em 75 mesas em Nacala-Porto, Milange, Gurué e Marromeu.

Nos demais 61 municípios cujos resultados foram validades pelo CC, a Frelimo venceu 56, a Renamo quatro e o MDM um.

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