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Medo apodera-se de bairros de Maputo e da Matola


Em Moçambique, académicos defendem uma acção urgente e enérgica por parte das autoridades para conter a vaga de violência que tem vindo a assolar os bairros periféricos de Maputo e Matola e que está a provocar mortes e intranquilidade no seio de muitas famílias.
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O medo e a intranquilidade instalaram-se nos bairros da Matola, onde, Segundo Januário Macuácua, 49 anos de idade, residente no bairro do Fomento, um dos mais afectados pela violência, o crime assume contornos de crueldade. As vítimas, para além de serem queimadas com ferros de passar roupa, são também sujeitas a violações diversas.

Por seu turno, o jovem Mauro Víctor, residente no bairro do Zimpeto, arredores da cidade de Maputo, disse que perante a inoperância das autoridades policiais, a solução encontrada pelos moradores é o patrulhamento nocturno, tal como acontece noutros bairros da capital moçambicana.

Para o psicólogo José Lopes, o fenómeno da violência em Maputo e Matola representa uma situação de insegurança e intranquilidade, cuja solução passa por uma acção enérgica e urgente por parte das autoridades competentes.

O sociólogo Carlos Serra diz tratar-se de um fenómeno que deve ser estudado e aprofundado, mas avança algumas das suas causas.
“Maputo é a porta de entrada de muitos investimentos internacionais e também ponto de entrada da mais rica província sul-africana de Gauteng. Esta situação faz com que Maputo seja considerada a cidade mais rica do país”, afirmou o académico.

Na sua opinião, este é um aspecto importante a considerar porque grandes riquezas despertam atenção e o ciúme em vários pontos de Moçambique. Por outro lado, muitas das cidades moçambicanas são produto de Guerra, ou seja, as pessoas afluíram em massa para as cidades fugindo da guerra e continuam a afluir até hoje.

Isso significa que as cidades moçambicanas têm periferias enormes, mal organizadas, sem iluminação, sem água potável e sem muitas outras coisas. Para além disso, as cidades moçambicanas são também um ponto de concentração de muito desemprego, onde as pessoas vivem com muitas dificuldades, incluindo o desemprego, sobretudo entre os jovens.

Segundo Carlos Serra, o outro ponto importante a ter em conta é o cansaço das pessoas perante a criminalidade. Este fenómeno mostra também a insatisfação e a intranquilidade das pessoas em muitos bairros, sobretudo os periféricos, e este cansaço faz com que as pessoas se organizem em patrulhas nocturnas para evitar que os seus bairros sejam atacados e haja violação como tem vindo a acontecer.

“É todo um fenómeno que deve ser estudado e aprofundado, não só pela polícia, mas também por psicólogos e sociólogos. É um fenómeno que traz tanta intranquilidade na vida das pessoas, e os bandidos até colocam em paredes a indicação de que num determinado dia vai haver assaltos ao bairro”, disse Carlos Serra num debate radiofónico.

O ministro moçambicano do Interior, Alberto Mondlane, diz que tudo está a ser feito para restaurar a tranquilidade nos bairros afectados pela onda de criminalidade e apelou á colaboração dos residentes com as autoridades policiais.
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