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Mariano Nhongo: “Não negoceio com quem não valoriza a vida dos que morreram pela democracia” 


Mariano Nhongo (de gravata) e membros da Junta Militar da Renamo.
Mariano Nhongo (de gravata) e membros da Junta Militar da Renamo.

O líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, afastou esta terça 15, qualquer hipótese de negociar com o presidente do partido, Ossufo Momade, para normalizar o relacionamento.

Mariano Nhongo: “Não negoceio com quem não valoriza a vida dos que morreram pela democracia”
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Nhongo também descarta a possibilidade de fazer parte da desmobilização e reintegração dos ex-guerrilheiros da Renamo, por considerar o processo novamente “falhado”.

O presidente da Renamo, Ossufo Momade, reiterou segunda-feira, 14, a sua disponibilidade para dialogar com o líder dissidente, Mariano Nhongo, para colocar fim aos ataques armados da autoproclamada Junta Militar da Renamo, em estradas e aldeias das províncias moçambicanas de Manica e Sofala.

“Se não quer falar com Ossufo, que fale com o partido para que os seus problemas sejam solucionados. O apelo que eu deixo para o meu irmão (Mariano) Nhongo, é que ele volte à razão” disse Momade, em Nampula, onde esteve em trabalho político de reativação dos gabinetes eleitorais da Renamo.

Para o sucessor de Afonso Dhlakama, “não há razão de alguém pegar em armas” porque tem diferenças dentro do partido, insistindo que os problemas do partido devem ser levados para os órgãos internos, para serem resolvidos.


Entretanto, o dissidente Nhongo diz que é “descabido” o convite de Ossufo Momade, por não reconhecer a sua liderança, e por este “não estar a valorizar” a luta pela democracia genuína.

“Se ele está na Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) não vai me exigir para eu regressar à casa; mas se ele está na Renamo Unida (alegada facão criada por Ossufo Momade), pode me exigir para eu deixar isso que estou a fazer”, disse Nhongo à VOA em entrevista por telefone Mariano.

Armadilha

“Eu não tenho tempo de negociar com alguém que não quer valorizar a vida daqueles que morreram pela democracia", disse Nhongo, que considera o convite como uma armadilha para o entregar às forças estatais.

“Se Ossufo (Momade) soubesse qual é o objetivo da Renamo respeitaria os que morreram na guerra. As pessoas não morreram para Ossufo (Momade) andar de avião, não morreram para Ossufo andar de carro, não morreram para Ossufo ser rico (...) morreram para que em Moçambique haja democracia,” sublinhou Nhongo, que também critica a ostentação do presidente da Renamo por viver em apartamentos de luxo, quando “o partido tem a maioria das sedes encerradas”.

Opressão

Nhongo rejeitou as declarações feitas, na serra da Gorongosa, pelo representante especial do Secretário-geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni, segundo as quais o processo de desmobilização estava ser cumprido em “letra e espirito” com o acordado com líder histórico Afonso Dhlakama.

Ele disse que “não atendo as chamadas de Mirko Manzoni, porque ele foi um dos traidores também, como Ossufo Momade, e como (Filipe) Nyusi. Eu falei ‘não pode assinar o acordo (de paz definitiva) na Renamo há problemas’. Eles pensavam que era uma brincadeira. Qual DDR (desmobilização) que está a correr de boa maneira?”

“Nós estamos cansados de ser oprimidos” disse Mariano Nhongo em alusão ao fracasso da mediação do diplomata suíço Manzoni.

Para MNhomngo, o novo processo de desmobilização “voltar a falhar” ao mandar para casa os guerrilheiros com “zincos (chapas usadas para a cobertura de casas) e 10 mil meticais (cerca de 139 dólares norte americanos)”.

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