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Interrogatório de Lula abre crise sem precendentes


Dilma Rousseff e Lula da Silva
Dilma Rousseff e Lula da Silva

O dia de hoje, 4, no Brasil foi tenso e marcado por protestos contra e a favor do ex-Presidente Lula da Silva depois alegações de irregularidades na aquisição de propriedades.

De manhã, Lula foi retirado de casa por agentes da Polícia Federal e encaminhado para São Paulo para prestar depoimento.

O interrogatório durou quatro horas.

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Desta vez, a justiça apura se empreiteiras e José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio da propriedade em Atibaia e o apartamento triplex no Guarujá.

Ao todo, foram expedidos 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva - quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.

A acção ocorre um dia após ser revelado um acordo de delação premiada do ex-líder do Governo Dilma, senador Delcídio do Amaral.

Conforme a revista "IstoÉ", que teve acesso aos documentos, o parlamentar revelou que Lula mandou comprar o silêncio de Nestor Cerveró e de outras testemunhas da Petrobras.

A reportagem também mostra que Delcídio do Amaral afirmou em depoimento que Dilma Rousseff usou a sua influência para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça.

O Procurador do Ministério Público Federal, Carlos Fernando, explica essa nova fase da Lava Jato.

“Há indícios para investigar o senhor Luís Inácio. Neste momento o motivo é verificar se esses pagamentos são irregulares. Certamente o Governo do ex-Presidente foi o maior beneficiário desse esquema de compra de apoio político e partidário. Entretanto, se ele conhecia as vantagens indevidas pagas e se ele as recebia ainda estamos investigando. Há indícios de que valores do Instituo Lula beneficiaram as empresas dos filhos dele”, explicou.

O cientista político Malco Camargo também avalia essas denúncias como graves.

Ele acredita que a situação política da Presidente Dilma deve ficar pior e o Governo pode paralisar. Inclusive a governante corre risco de perder o mandato.

“A situação da Presidente Dilma ao que tudo indicava estava se arrefecendo, ela estava conseguindo ´sair das cordas´ no fim do ano passado quando parecia que o impeachment estava perdendo força e de facto perdeu. Mas os novos factos, não de agora, acho que a delação tem um clima político muito forte e as denúncias são muito graves. Mas não são mais graves do que já vinha aparecendo na Lava Jato, que já é suficiente para cassar o mandato de um Presidente. Se por um acaso for comprovado pelos órgãos competentes o uso de ‘caixa dois’, seja no Brasil ou no exterior pela campanha da Presidente Dilma é suficiente para tirá-la do poder e, consequentemente, cassar a chapa dela e do vice-presidente Michel Temer”, analisou.

Entretanto, o modo como têm sidos conduzidos os trabalhos investigativos contra governantes suspeitos de envolvimento em casos de corrupção e seus desdobramentos podem causar danos à democracia brasileira.

A avaliação é da cientista política e historiadora Maria Aparecida Aquino.

“Não estou preocupada com o ex-presidente Lula ou qualquer partido. Me preocupo com o país e com os rumos da democracia. Quando você na realidade burla qualquer elemento da democracia você a coloca em risco. E é isso que me parece que está acontecendo neste momento. Nós só temos segurança num país se na realidade o rito democrático for totalmente cumprido dentro de suas regras. Me parece que isso tem sido quebrado nos últimos tempos. Não é só não prejulgar a pessoa investigada. Existe um rito judicial. Se você vai à casa de uma pessoa e a prende coercitivamente me parece que o rito democrático de um país não está sendo cumprido”, disse Maria Aparecida Aquin .

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