RIAD (Reuters) - Os pesos pesados da Opep disseram, neste domingo, que o petróleo e o gás não deveriam ser estigmatizados no debate climático e que a indústria tinha um papel a desempenhar numa transição energética ordenada.
Os ministros da energia da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque, os três maiores membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), reuniram-se na capital saudita, Riad, para a semana climática da ONU MENA.
"Nós três aqui, como grandes produtores de hidrocarbonetos, também temos a responsabilidade perante o mundo de fornecer à transição recursos de hidrocarbonetos suficientes para garantir que estamos a fazer a transição a um preço responsável", disse o Ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrouei, num painel que agrupou os três países.
COP28
Os Emirados Árabes Unidos sediarão a cimeira climática COP28, programada para acontecer em Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro.
A cimeira é uma oportunidade para os governos tentarem acelerar as ações para conter o aquecimento global, a fim de evitar as consequências mais devastadoras das condições meteorológicas extremas, após um ano de temperaturas recordes, incêndios florestais e secas.
Os relatórios até agora mostram que os países não estão no caminho certo para cumprir a meta da ONU de manter o aumento das temperaturas globais abaixo de 2 graus Celsius (3,6 graus Fahrenheit) acima dos níveis pré-industriais e prosseguir esforços para limitá-lo a 1,5°C.
“A COP28 proporcionará resultados transformacionais para esta região e para o mundo”, disse Sultan al-Jaber, presidente da COP28, no seu discurso de abertura no domingo.
A escolha de Jaber para liderar a cimeira suscitou críticas de ativistas ambientais, porque o seu país é membro da OPEP e um grande exportador de petróleo, e ele é o chefe da gigante petrolífera estatal ADNOC.
Debate inclusivo
Ele defendeu uma COP mais inclusiva que traga a indústria do petróleo e do gás para o debate climático e lhe permita fazer parte da solução através de iniciativas de descarbonização.
Antes da COP28, os países estão divididos entre os que exigem um acordo para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis que aquecem o planeta, e as nações que afirmam que o carvão, o petróleo e o gás natural têm um papel contínuo combinado com a tecnologia para capturar as suas emissões.
“Tivemos 27 COPs e você pode se surpreender ao saber que 17 delas foram realizadas em países produtores de combustíveis fósseis”, disse Jaber.
“O facto é que a energia é fundamental para todos, em todos os lugares,” sublinhou.
O Ministro da Energia saudita, Príncipe Abdulaziz bin Salman, também disse que a indústria não deveria ser estigmatizada e que o mundo ainda precisava de hidrocarbonetos.
“Há motivos para estarmos no setor de petróleo e gás”, disse Salman ao público
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