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Líbano: Capitão do barco com nitrato de amónio confirma que o destino era Moçambique


Beirute após a explosão
Beirute após a explosão

À medida que decorrem as investigações sobre as causas e responsáveis pelas explosões da passada terça-feira, 4, no porto de Beirute, no Líbano, que deixaram até agora 137 mortes, mais de cinco mil feridos e mais de 300 mil pessoas desalojadas, novas revelações apontam que o nitrato de amónio, que terá estado na origem das explosões, teria sido encomendado pela Fábrica de Explosivos de Moçambique.

O nitrato de amónio foi vendido por uma produtora de fertilizantes, a georgiana Rustavi Azot LLC, à Fábrica de Explosivos de Moçambique.

A afirmação é de Boris Prokoshev, o capitão do navio que transportava o material e que foi apreendido pelas autoridades libanesas em 2013.

Prokoshev, agora na reforma, reiterou que o destino do nitrato de amónio era o Porto da Beira, numa conversa com a agência Associated Press.

Prokoshev acrescentou que, na viagem, o navio de carga transportava 2.750 toneladas de “um químico altamente combustível” da Geórgia para Moçambique quando foi obrigado a fazer um desvio para a capital do Líbano.

Em Beirute, foi pedido à tripulação que carregasse o navio com algum equipamento rodoviário pesado e o transportasse para o porto de Aqaba, na Jordânia, antes de seguir a viagem para Moçambique, onde o nitrato de amónio deveria ser entregue.

O navio, contudo, nunca chegou a abandonar o porto de Beirute.

Numa entrevista à Rádio Liberdade, da Sibéria, na Rússia, Prokoshev reiterou que o navio pertencia ao cidadão russo Igor Grechushkin, que ignorou o assunto e não respondeu aos apelos da tripulação e dos advogados para pagar as taxas e continuar a viagem.

Entretanto, a publicação sul-africana Daily Maverick garantiu que o empresário russo Igor Grechishkin recebeu um pagamento de um milhão de dólares pela carga, através de uma transferência feita pelo Banco Internacional de Moçambique.

Reação em Moçambique

Em Moçambique, como a VOA informou ontem, a Comissão Executiva da Cornelder, gestora dos Terminais de Contentores e de Carga Geral no Porto da Beira, garantiu que "não teve conhecimento de que o navio MV Rhosus ia escalar o Porto da Beira".

A empresa acrescentou que "a escala de um navio ao Porto da Beira é anunciada pelo agente do navio ao operador portuário com uma antecedência de sete a 15 dias", e lembrou que a entrada de produtos como nitrato de amónio "em território moçambicano carece de autorização prévia das autoridades que superintendem as áreas do Interior, Finanças e Agricultura".

O jornal Washington Post, por seu lado, escreveu que Moçambique importa regularmente nitrato de amónio quer como fertilizante quer como explosivos usados em minas de carvão e pereiras.

Em Beirute, o navio foi impedido de sair do porto devido a disputas financeiras e por violar leis de navegação marítima, tendo a sua carga sido posteriormente transferida em 2014 para um armazém onde se deu a explosão.

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