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Proposto julgamento público para sequestro de albinos


Autoridades e organizações da sociedade civil fecham fileiras contra perseguição aos albinos.

A associação “Amor a Vida”, que congrega portadores de albinismo em Moçambique, pediu esta segunda-feira, 18, julgamentos públicos dos casos de sequestro e tráfico de órgãos de albinos, para refrear a onda de perseguição e assassinatos.

Adelina Patrício Afonso, responsável da organização em Manica, pediu sessões públicas nos tribunais que julgam raptores e sequestradores de albinos, como uma das medidas para reduzir a persistente perseguição aos albinos.

“Gostaríamos que o julgamento desses casos (de rapto e assassinato de albinos) fossem um acto público, que todas as pessoas pudessem ter acesso à sessão para termos certeza que essas pessoas estão a ser punidas exemplarmente”, defendeu Adelina Patricio Afonso.

A responsável apelou a que as sessões começassem com o caso de um menino na região e dos homens presos transportando partes de corpos humanos, de pessoas com albinismo.

O Tribunal Provincial de Nampula, norte de Moçambique, condenou na semana passada, dois jovens, de 25 e 29 anos de idade, a penas de 16 anos de prisão cada por rapto e tentativa de assassinato de um albino.

A sentença inclui uma indeminização de 200 mil meticais a favor da vítima, que, segundo se soube no decurso do julgamento do caso, seria traficada.

Em Maio, outros dois homens foram igualmente condenados a 40 anos de cadeia, por assassinar um albino em Topuitho, na província de Nampula, onde já há punições dos assassinatos e sequestradores.

A Associação reuniu em Chimoio, a capital de Manica, médicos tradicionais e a polícia, para debater sobre medidas de segurança dos albinos na província, tendo-se apelado a que as pessoas portadoras de albinismo, sobretudo as crianças, que são mais vulneráveis, circulassem sob cuidado de um familiar adulto.

Contudo, apelou ainda para um cadastro de médicos tradicionais ao nível da província de Manica, em particular e do país, no geral,além de identificar os meios que usam para o exercício das suas funções, como forma de identificar os possíveis focos de mandantes.

“É preciso que seja feito um levantamento sobre quantos médicos tradicionais actuam na nossa cidade, se é legal a sua atuação e com que tipo de material ele trabalha. Assim podemos controlar, e em caso de alguém sequestrar uma pessoa nós saberemos onde procurar e saber quem foi a pessoa que lhe instruiu a cometer esse acto”, declarou Adelina Patrício Afonso.

Por sua vez, Moisés Fomene Parange, presidente provincial da AERMO (Associação de Ervanários de Moçambique), que reúne médicos tradicionais, lamentou a perseguição dos albinos no país, apoiando as sessões públicas dos casos, e apelou a polícia a trabalhar para trazer os mandantes dos raptos.

“Desde muito em Moçambique existiram médicos tradicionais, e nunca estiveram envolvidos nos assassinatos de albinos. Repudiamos o sequestro de albinos neste momento” disse Moisés Fomene Parange.

O rapto, perseguição e assassinatos de albinos em Moçambique são motivados por crenças e superstições, segundo as quais os albinos são fonte de riqueza.

Entretanto, a medicina tradicional e a ciência negam que os albinos tenham poderes especiais.

Recentemente em todas as províncias de Moçambique os governos e organizações não-governamentais marcharam em repúdio a esta prática.

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