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Juíza recusa processo de Bornito de Sousa contra activista português


Bornito de Sousa, vice-presidente de Angola
Bornito de Sousa, vice-presidente de Angola

Numa acusação particular, Sousa acusou Paulo de Morais de difamação por ter dito que a filha comprou um vestido de noiva de 200 mil dólares quando "há gente a morrer na rua de fome"

O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, em Portugal, não deu provimento ao processo contra o activista português e líder da Frente Cívica, Paulo de Morais, interposto por alegada difamação por Bornito de Sousa, actual vice-presidente de Angola, e a filha, Naulila, no âmbito do caso conhecido por "Vestidos de noiva".

Em causa estão os comentários de Morais à compra de um vestido de noiva e outros artigos para o casamento da filha de Bornito Sousa, em 2014, e que, segundo ele, terão custado mais de 200 mil dólares, num país, afirmou o activista, “em que há gente a morrer na rua de fome e de doença”.

Na altura, Bornito de Sousa era ministro da Administração do Território, mas o processo responde a uma acusação particular, enquanto cidadão, e da filha, que foi, no entanto, secundada pelo Ministério Público português.

No discurso de não-pronúncia, a juíza de instrução Cristina Malheiro disse que ao fazer aquelas revelações “o arguido agiu dentro do âmbito das suas preocupações, empenhamento e actividade de luta contra a corrupção”.

A juíza considerou ainda ser “público que o regime de Governo da República de Angola tem em si graves problemas em vários campos, no político, no social, no económico, questões que sempre foram conhecidas e comentadas, tornaram-se muito mais evidentes e públicas com a divulgação do dossier conhecido como Luanda Leaks e lembrou serem conhecidas “as más e pobres condições em que vivem as classes mais desfavorecidas da população angolana”.

Para Malheiro, “é neste contexto que o arguido (…) se pronunciou”, sem que transparecesse “qualquer comentário xenófobo e preconceituoso”.

Paulo de Morais, também fundador da Transparência e Integridade, foi acusado dos crimes de difamação com publicidade e agravada.

O advogado dos queixosos Paulo de Moura Marques acusou Morais de fazer “ofensa gratuita”, ultrapassando os limites da liberdade de expressão.

O jornal português Público lembra na sua edição de hoje (17 de Novembro) que estiveram em causa declarações de Morais proferidas a 20 de Janeiro de 2020 num post no Facebook e três dias mais tarde no Jornal 8 da CMTV, numa altura em que estalara o escândalo que ficou conhecido como Luanda Leaks.

No texto, Paulo Morais disse que “uma outra princesa de Angola: Naulila Diogo (...) gastou nos vestidos do seu casamento 200 mil dólares”.

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