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Jornalista detido quando fazia cobertura de acidente mortal no Uíge


Nsimba Jorge, correspondente da AFP em Angola
Nsimba Jorge, correspondente da AFP em Angola

MISA-Angola pede libertação imediata do correspondente da AFP e SIC confirma envio do processo ao Ministério Público.

O correspondente da Agência France Presse (AFP) em Angola, Nsimba Jorge, foi detido pelos agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC), às 20 horas de sábado, 11, no Hospital Geral do Uíge (HGU), quando fazia uma reportagem sobre o acidente que provocou a morte de mais de duas dezenas de pessoas no Estádio 4 de Janeiro.

O também correspondente da AFP, Daniel Frederico, conhecido como “Jonas Pensador”, que acompanhava Jorge, disse à VOA que o repórter foi interpelado por agentes da polícia e da SIC alegadamente por “não estar autorizado a fazer reportagem” no HGU.

“Contactei o comandante-geral da Polícia Nacional, Comissário Ambrósio de Lemos, que me mandou falar com o comandante provincial da polícia no Uíge, Joaquim Ribeiro Leitão, mas, embora tenha sido bem tratado, o colega ainda não se encontra em liberdade, apesar das muitas diligências”, Daniel Frederico.

Frederico acusou a polícia de “agir de má fé” ao impedir o colega de exercer a sua actividade profissional e considerou a atitude “como sendo um atentado à liberdade de imprensa em Angola”.

Por sua vez, Alexandre Neto Solombe, presidente do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA-Angola), condenou igualmente o comportamento da polícia no Uíge por ter interrompido o trabalho do jornalista.

“Não há nenhum artigo na lei que impede um jornalista de desenvolver a sua actividade no hospital, mas a presenca dos jornalistas no local foi vista como uma ameaça à estratégia já concebida”, sublinhou Solombe que pediu a libertação imediata de Nsimba Jorge, que, segundo ele, não cometeu crime algum”.

Tragédia no Estádio 4 de Janeiro
Tragédia no Estádio 4 de Janeiro

O responsável do MISA revelou que estão a ser feitas diligências para contratar um advogado para defender Jorge e condenou também “o modu operandus do Governo angolano que, em virtude de as notícias serem divulgadas por órgaos internacionais antes dos nacionais, decidiu prender um reporter em actividade”.

Contactado pela VOA, o director provincial do SIC no Uíge disse que “o processo será encaminhado para o Ministério Público que deverá ouvir o jornalista na segunda-feira”.

Na sexta-feira, no jogo inaugural do Girabola no Uíge entre a equipa local, Santa Rita de Cássia, e o Recreativo do Libolo, o portão principal do Estádio 4 de Janeiro cedeu quando pressionado por centenas de pessoas que queriam ver o jogo, provocando a morte, no momento, de 17 pessoas e cerca de 100 feridos, disseram à VOA testemunhas no local.

Embora as autoridades continuem a falar em 17 mortos e cerca de 50 feridos, um médico do Hospital Geral do Uíge disse, em anonimato à VOA, que oito pessoas que entraram em estado grave morreram no sábado, 11, aumentando para 25 o número de mortos.

As autoridades não confirmaram os novos números.

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