O Presidente dos Estados Unidos quer encontrar-se com o seu homólogo brasileiro ainda durante a Cimeira do G7, o grupo das economias mais livres do mundo, que decorre neste fim-de-semana em Hiroshima, no Japão.
O interesse de Joe Biden em falar com Lula da Silva, anunciado pelo Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, neste sábado, 20, tem a ver com o posicionamento do Presidente brasileiro sobre a “sacrossanta” soberania e integridade territorial da Ucrânia.
O encontro entre os dois presidentes não foi confirmado ainda e não está na agenda anunciada pela Presidência brasileira.
Biden tem confirmado um encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, com a Ucrânia na agenda.
Questionado se Biden pressionará ou exortará Lula e Modi para endurecerem a abordagem dos seus governos em relação à China e à Rússia, Sullivan disse que “pressão é uma palavra errada”.
“Quero dizer, não é assim que o Presidente Biden opera com esses líderes importantes com quem ele tem relacionamentos profundos, como o Presidente Lula e o Presidente Modi”, sublinhou Sullivan, quem acrescentou que o Biden “procura uma oportunidade para falar com ambos sobre o papel construtivo que cada país pode desempenhar no apoio ao elemento mais básico e fundamental de qualquer resultado, que é a soberania e a integridade territorial, que é sacrossanta na Carta das Nações Unidas”.
Em Hiroshima, Sullivan sublinhou que o Brasil apoiou várias resoluções importantes da ONU com base no conceito subjacente de integridade territorial e destacau que “é realmente aí que o Presidente quer conduzir as coisas com as principais economias emergentes que estarão aqui”.
Ainda segundo a mesma fonte, Joe Biden pretende discutir cadeias de suprimentos mais resilientes e o reforço dos investimentos em infraestrutura nos países em desenvolvimento, bem como encontrar formas de enfrentar as enormes dívidas desses países.
Analistas políticos apontam que há anos que o Brasil e a Índia procuram construir pontes entre os Estados Unidos e a Rússia e a China, e ambos os países mantêm relações económicas e políticas com Moscovo, mesmo após a invasão da Ucrânia em Fevereiro de 2022, o que tem frutrado os esforços dos países do Ocidente para isolar a Rússia.
No mês passado, o Presidente brasileiro irritou muitos no Ocidente ao pedir aos aliados dos Estados Unidos e da Europa que parassem de fornecer armas à Ucrânia por estarem a prolongar a guerra.
O porta-voz de Segurança Nacional, John Kirby, disse, na ocasião, que Lula da Silva estava a ser um “papagaio da propaganda russa e chinesa”.
Após a reacção da Casa Branca, o Presidente brasileiro moderou os seus comentários e, durante a vista a Portugal e Espanha, condenou a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia.
Agenda de Lula da Silva
Neste sábado, o Presidente brasileiro encontrou-se com o seu homólogo francês e o chanceler alemão.
Ele e Emmanuel Macron analisaram a guerra entre a Ucrânia e a Rússia e preservação da Amazónia, da qual a França faz parte com o território ultramarino da Guiana Francesa,
“Estamos retomando a amizade e a parceria entre os nossos países, podemos fazer muitas coisas juntos", escreveu Lula da Silva numa rede social, sem dar mais detalhes.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, citado pela TV Globo, confirmou que o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, convidou o seu homólogo brasileiro para um encontro à margem da cimeira do G7, mas, abordado por jornalistas, Lula da Silva disse não saber se tal seria possível.
A informação do convite de Zelenskyy foi confirmada pelo Itamaraty à TV Globo. Ainda não há, porém, confirmação da data do possível encontro.
Questionado neste sábado (20) sobre o possível encontro com Zelensky, o presidente Lula respondeu que não sabia se a reunião acontecerá.
O G7, é integrado pelos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão, mas esta cimeira em Hiroshima o Governo nipónico convidou como países do chamado "Sul Global" Brasil, Comores, Austrália, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, Coreia do Sul e Vietname.
C/Reuters
Fórum