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Israelitas, libaneses e smartphones


Rio Olympics
Rio Olympics

Apesar das "desinteligências", as estórias devem terminar bem.

Atletas, técnicos e dirigentes com quem tenho falado aqui no Rio de Janeiro e das conversas que vou escutando, todos destacam a porta aberta ao intercâmbio e a interactividade com pessoas de todo o mundo que constituem os Jogos Olímpicos.

O mais medalhado atleta olímpico da história, por sinal um atleta de um desporto “solitário”, Michael Phelps, disse na conferência de imprensa que as Olimpíadas são “únicas” por permitir estar com gente do mundo todo durante duas semanas e como exemplo apresentou o facto de ter tropeçado na Vila Olímpica com o tenista Novac Djokovic, a quem pediu uma selfie. E o Djovovic está por aqui como se fosse o bairro onde cresceu.

Entre os mais de cinco mil jornalistas, quando viajamos nos autocarros ou nos encontramos nos centros de imprensa, a primeira pergunta é “de onde és tu” e por aí começam as conversas, sempre interessantes.

Ontem, por exemplo, quatro arménias com quem viajei quase me apresentaram o país delas e quiseram saber como um crioulo, natural de umas ilhas de que elas não tinham ideia, trabalha em Washington numa rádio americana e que transmite em português. E perguntaram-me, muitas vezes: “mas tu és africano mesmo??”.

Os chineses são muitos, como se diz por aí, de cada quatro pessoas no mundo, uma é chinesa. Andam em grupos, falam alto e sempre de olho no celular. Aliás, o “mundo no celular” é, sem dúvida, uma das marcas do Rio-2016 como de qualquer outro evento global.

Jornalista búlgaro ao telefone
Jornalista búlgaro ao telefone

Tudo acontece num smartphone. Serve para manter a ligação com a família, como faço diariamente, assim como um colega búlgaro, já com muitos anos nas costas, que, nem um adolescente, beijou a mulher no telefone no momento em que eu batia a foto que publico (ver foto acima)

Mas também separa, como aconteceu a três jornalistas chineses que tomavam o pequeno-almoço ao meu lado neste sábado, 6. A conversa estava muito animada, embora eu não entendesse patavina do que diziam. Mas só enquanto comiam. Quando descansaram os talheres, cada um puxou do seu telefone e, pronto, acabou a conversa (ver foto abaixo).

Jornalistas chineses tomam pequeno-almoço
Jornalistas chineses tomam pequeno-almoço

De regresso aos smartphones, na verdade, eles destronaram os “senhores da imagem” e permitiram que um furo jornalístico pudesse ter origem em qualquer lugar, a qualquer momento e por qualquer profissional com um desses aparelhos. E que queira operá-los, claro.

A 21 de Junho de 1991, fazia a minha primeira cobertura de um evento mundial, a final do campeonato do mundo de sub-20, em que Portugal ganhou o Brasil em Lisboa. Eu, na tribuna a tomar notas, e os meus colegas, operador de câmara e o assistente de operador (com um equipamento de uns 30 quilos às costas), no terreno. A reportagem foi feita no dia seguinte, seguião de avião 24 horas depois para ir ao ar dois dias mais tarde. Fresquinha!!!

Hoje, 25 anos depois, tenho uma mochila de 10 quilos, com vários equipamentos, que me permitem fazer imagens num smartphone, editar, publicar e até entrar ao vivo com televisões ou através do Facebook Live. Na foto que publico, por exemplo, pode-se ver um colega a apresentar e a fazer imagem ao mesmo tempo. Tempos de “jornalista convergente” (ver foto abaixo).

Jornalista convergente
Jornalista convergente

Nessas mudanças, em que as redes sociais têm servido de plataforma complementar, a exigir ainda mais da cobertura noticiosa e da confirmação das fontes, deparei-me com uma dupla interessante. Uma equipa integrada por duas jovens profissionais americanas: uma é jornalista e outra repórter de imagem.

A dupla, na verdade, chama a atenção por onde passa, pela juventude das duas e pela sua desenvoltura. Nas gravações, erram muito, repetem e não se cansam. É assim mesmo, só chega longe quem erra e aprende (ver foto abaixo)

Jornalistas americanas
Jornalistas americanas

Entretanto, nesta era das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) chega-me a informação por mensagem, a partir de uma colega que está em Israel, segundo a qual a imprensa de Televive relatou um pequeno conflito entre os dois vizinhos.

Tentei confirmar a notícia. Na verdade, tudo aconteceu ontem a caminho da cerimónia de abertura.

Os membros da delegação do Líbano recusaram-se a dividir o mesmo autocarro com atletas de Israel.

“Quando descobriram que iriam dividir um autocarro com os israelitas, reclamaram com o condutor e exigiram que a porta do mesmo fosse fechada”, escreveu do Facebook o técnico israelita da equipa de vela, Udi Gal.

Ainda de acordo com a mesma fonte, eles afirmaram que, se os atletas israelitas quisessem que fossem para outro autocarro, tendo o condutor aberto a porta, mas o chefe da delegação de Israel bloqueou o caminho.

O “incidente diplomático” já estava montado, como referiu o técnico israelita, reiterando que “os atletas que estão aqui para competir, não são políticos”.

Hoje, o porta-voz do Comité Olímpico Internacional (COI), Mark Adams, disse que a organização vai pedir esclarecimentos aos libaneses.

Chocolate típico russo
Chocolate típico russo

Mas as estórias devem acabar bem.​

No balcão de informação, ofereci um brinde da VOA a uma voluntária russa que me concedeu uma entrevista em video para o serviço em inglês. Ela devolveu-me o gesto com um chocolate típico do seu país e disse que veio ao Brasil aprender “para ajudar a Rússia a receber bem os visitantes durante o Mundial de 2018”.

Fim.

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