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Imprensa estatal angolana de novo debaixo de fogo


Jornalistas angolanos em reunião do sindicato da cetegoria (Foto de Arquivo)
Jornalistas angolanos em reunião do sindicato da cetegoria (Foto de Arquivo)

Jornalistas criticam a cobertura da pré-campanha eleitoral pela imprensa pública que favorece o MPLA

A pouco menos de dois meses das eleições em Angola, a cobertura dada pelos órgãos de comunicação social, sobretudo os públicos, em relação aos possíveis candidatos às eleições continua a gerar questionamentos, devido ao favorecimento concedido ao MPLA, partido no poder, em relação aos mais concorrentes.

Profissionais de várias associações de jornalistas consideram que esta postura pode minar a estabilidade politica e social do país.

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Quem mais se tem queixa desta situação de parcialidade da imprensa pública são os partidos políticos candidatos as eleições do próximo dia 24 de Agosto, com a UNITA a fazer chegar uma queixa ao tribunal sobre tratamento desigual da média estatal em relação aos partidos.

O jornalista Reginaldo Silva, membro conselheiro da Empresa de Regulação da Comunicação Social Angolana (ERCA), falando em nome próprio, entende que o período eleitoral em Angola pode ser chamado de qualquer coisa menos de uma festa da democracia.

"Os órgãos de comunicação social não podem posicionar-se, fazer editoriais, distorcer as coberturas, têm que ser abertos na mesma proporção e perspectiva à todos os candidatos, para se evitar o que acontece hoje e vai continuar a acontecer", sustenta Silva.

Cobertura fere interesse público

Luísa Rogério, presidente da Comissão da Carteira e Ética, também em nome pessoal, diz que a postura actual da mídia paga pelo dinheiro de todos os contribuintes angolanos fere o interesse público.

"Essas acções todas que temos acompanhado poem em causa o interesse público, nós não estamos a falar só de vontades, desejos e muito menos de simpatias, estamos a falar de factos, e no caso de Angola está provado que a mídia pública tem estado a lesar sistematicamente direitos, como de informação, de se informar e de ser informado, o cidadão é cuartado de ter uma escolha objectiva com base na informação que que a mídia passa", acentua aquele jornalista.

Por seu lado, o jornalista Guilherme da Paixão, membro do MISA-Angola, ao se pronunciar em nome pessoal sobre o assunto, diz que "o ambiente politico actual em termos de cobertura jornalística é mau, muito feio, e vai piorar à medida que nos aproximamos da data das eleições”.
Ele diz ser “arrepiante acompanhar jornais dos órgãos públicos, esta postura só atrapalha e eu não sei como serão estas eleições do ponto de vista da comunicação social".

Pior que balas

Outro profissional da comunicação social e membro da ERCA, Felix Miranda, que também faz questão de falar apenas em seu nome pessoa, considera que a actual postura da mídia é muito mais nociva do que as balas.

"A comunicação Social passou a funcionar pior que os próprios canhões que disparam balas mais mortíferas, o ser humano a ser diabolizado transformado numa besta, num inimigo, temos na mídia o MPLA que já parte em vantagem de 50 por cento, depois há mais 40 por cento para algumas instituições que elas próprias também favoraveis ao MPLA, onde se inclui o próprio chefe de Estado, como candidato".

A cobertura da actual pré-campanha, da campanha e das eleições no dia 24 pela imprensa pública angolana tem sido fortemente criticada também pelos partidos da oposição, activistas e observadores políticos.

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