O intelectual uigur Ilham Tohti, condenado à prisão perpétua na China por separatismo, é o vencedor do Prémio Sakharov de Liberdade de Pensamento.
A escolha incomoda Pequim, que já havia acusado o Parlamento Europeu de "apoiar o terrorismo".
"O Parlamento expressa todo o apoio ao seu trabalho e pede às autoridades chinesas que o libertem imediatamente", afirmou o presidente do Parlamento, David Sassoli, no plenário em Estrasburgo.
Durante mais de duas décadas, o intelectual trabalhou para promover o diálogo e a compreensão entre uigures e chineses, tendo criado o Uyghur Online, um sítio na internet que discute questões uigures.
Tohti, que também recebeu em Setembro passado o prémio Vaclav Havel do Conselho da Europa, faz parte da etnia uigur de maioria muçulmana e que constitui a principal população de Xinjiang, uma grande região do noroeste da China que é submetida a um drástico controlo policial.
A candidatura dele, defendida pela bancada liberal, irritou Pequim, que no início de Outubro acusou o Parlamento Europeu de "apoiar o separatismo e o terrorismo".
"Nas suas aulas elogiou publicamente como heróis extremistas que cometeram actos terroristas", afirmou na ocasião Ministério chinês das Relações Exteriores.
A candidatura de Tohti superou a de três activistas brasileiros, incluindo a vereadora assassinada Marielle Franco, e a de cinco jovens quenianas que lutam contra a mutilação genital.
A cerimónia de entrega do prémio acontecerá em Estrasburgo em 18 de Dezembro.