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Haverá consequências caso a Síria viole acordo sobre armas químicas


Secretário de Estado norte-americano John Kerry e homólogo francês, Laurent Fabius, em conferência de imprensa em Paris após encontro sobre a Síria (16 Set 2013)
Secretário de Estado norte-americano John Kerry e homólogo francês, Laurent Fabius, em conferência de imprensa em Paris após encontro sobre a Síria (16 Set 2013)

Kerry informou parceiros europeus sobre acordo relativo às armas químicas sírias celebrado com Moscovo

O secretário de estado norte-americano, John Kerry, diz que os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França, e acima de tudo a Rússia concordam que a Síria fará face a consequências não especificadas caso não cumpra o acordado sobre as suas armas químicas. Mas a Rússia insiste que uma ameaça de força não estará incluída numa resolução que vai ser adoptada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Kerry esteve esta segunda-feira em Paris para informar os seus homólogos francês e britânico sobre as conversações do fim-de-semana com o ministro dos estrangeiros do Kremlin, Sergei Lavrov – os dois acordaram no quadro para a destruição do arsenal de armas químicas até meados do próximo ano.

Kerry sustentou que a comunidade mundial deve insistir com Assad para que cumpra o acordado.

“Não vamos aceitar nada menos que o cumprimento total por parte do regime Assad dos princípios centrais do que foi acordado. Se Assad falhar no cumprimento dos termos, não haja dúvida, que todos concordamos e isso inclui a Rússia, que haverá consequências.”

As consequências não foram especificadas, mas Kerry disse que ainda está na mesa a possibilidade duma acção militar americana.

Minutos depois, falando em Moscovo, Sergei Lavrov disse que caso as três potências ocidentais insistam numa resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que ameace com o uso da força, estariam a prejudicar por completo as conversações de paz com a Síria. A Rússia só falará de ameaça de força, mais tarde, e caso seja necessário.

Lavrov acrescentou esperar que os Estados Unidos adiram à letra do acordo que celebrou com o seu homólogo John Kerry – acordo que prevê inspecções da ONU e empenha Washington e Moscovo a apoiar uso da força caso a Síria falhe no cumprimento dos termos.

Para Kerry a resolução da ONU terá que incluir mecanismo para garantir o cumprimento por parte da Síria, ou doutra forma o governo Assad vai andar a “fazer jogos.”

Kerry pediu também a Assad para que não veja o acordo como reconhecimento da sua legitimidade e que os Estados Unidos estão empenhados num acordo político que crie um governo de transição o qual determine o futuro da Síria.

Por seu lado o presidente Barack Obama considera que o acordo americano-russo responde a um dos principais objectivos Americanos relativamente às armas químicas sírias.

Falando num programa de televisão, Barack Obama disse que a pressão dos Estados Unidos sobre a Síria estava a surtir efeito: “Em consequência da pressão que temos vindo a aplicar nas últimas semanas, pela primeira vez a Síria reconheceu possuir armas químicas, aceitando aderir à convenção que proíbe o seu uso. E os russos, seus principais apoiantes, dizem que vão pressionar a Síria a eliminar todas as suas armas químicas. É assinalável o progresso que fizemos nestas últimas semanas.”

Do lado do Congresso americano as reacções têm sido mistas. Dois senadores republicanos, John McCain e Lindsey Grahan, atacaram o acordo Estados Unidos-Rússia dizendo que o mesmo não é mais do que a entrada num beco sem saída.
“Penso que é um fracasso” afirmou McCain acrescentando “dependemos agora da boa vontade do povo russo caso o presidente sírio Bashar al-Assad viole o acordado.”

Na semana passada, vários congressistas declararam que não iriam votar o pedido de uso de força na Síria. Mas se os congressistas se mostravam cautelosos com uma intervenção militar muitos expressam também uma desconfiança em relação à Rússia. Apesar de ter reservas, o congressista republicano Michael McCaul diz que não se opõe ao presidente russo, Vladimir Putin, assumir papel de liderança em relação à Síria: “Putin está numa posição única, em vez do presidente Obama, de conseguir que isto se faça, porque tem influência sobre Assad e a Síria.”

No final da maratona de discussões com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, o secretário de estado John Kerry sublinhou a necessidade absoluta verificação na implementação do acordo. Para o congressista democrata Chris Van Hollen o“resultado não poderia estar mais em linha com o objectivo do presidente (Obama). De facto fomos até para além da dissuasão do uso de armas químicas para um plano que na realidade destruirá as armas químicas de Assad.”

Questionado sobre a confiança que se pode ter no papel da Rússia a lidar com a Síria, o presidente Obama disse “Não estamos no tempo da Guerra Fria. Não é um concurso entre os Estados Unidos e a Rússia.”
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