No Gana, as mulheres ocupam cargos importantes como procuradora –geral e ministra de negócios estrangeiros. Mas o país tem problemas de equidade de equidade de género e prevalecem preconceitos sobre a mulher.
Na semana passada, um deputado disse que a nova chefe da comissão de eleições conseguiu o posto por via de favores sexuais.
A controvérsia reacende o debate sobre sexismo e politica.
O Presidente da República nomeou Charlotte Osei para o cargo de chefe da comissão de eleições em Junho de 2015, tornando-se na primeira mulher a ocupar o cargo.
No mês passado, o deputado Kennedy Ayapong disse aos seus apoiantes, no sul do país, que Osei conseguiu o posto em troca de sexo.
O comentário do deputado levantou um debate sobre sexismo e discriminação. As mulheres manifestaram-se em Koforidua e na media social usando a referência #IamCharlotteOsei (sou charlotteosei)
“Então, os homens também chegam ao poder através de sexo”, escreveu uma mulher no facebook. “Esta atitude afecta a todos. Está na hora de mudar”, escreveu outra.
Ursula Owusu-Ekuful é deputada faz oito anos. Ela conhece as implicações da acusação. Foi muitas vezes chamada de prostituta.
Na sua carreira, Ursula resistiu a muito e diz que nem todas são como ela. Teve tantas discussões com os seus colegas do sexo masculino, ao ponto de um ter dito que como mulher ela deveria estar a servir jantar. Outro disse que julgava que estava na cozinha.
Tais reacções reflectem o que os deputados do sexo masculino pensam sobre as mulheres; que o lugar delas é na cozinha.
Ursula conta que apresentou a queixa sobre a situação ao presidente do Parlamento, em 2015, mas nada aconteceu.
Ela acrescenta que as mulheres no governo sofrem mais represálias.
Em 2013, Victoria Hammah, vice-ministra das comunicações, foi demitida alegadamente por ter dito que não iria abandonar a politica antes de ter um milhão de dólares americanos.
Alguns grupos de advocacia criticaram a demissão e reclamaram o facto de dois ministros de desportos que usaram mal os fundos estado não terem sido demitidos. Um deles, Elvis Afriyie Ankrah foi obrigado a devolver trinta mil dólares e transferido para outra instituição do governo.
Hammah espera que a sua amarga experiência não desencoraje as mulheres que querem seguir a política.
O governo insiste que não há tratamento diferenciado.
Nana Oye Lithur, ocupa o cargo ministerial de género, criança e protecçao social, e diz que as mulheres não pedem favores ou carta-branca. “O facto é que as mulheres ministras não são imunes do código de ética e conduta que regula o serviço público”.
Mas, mulheres proeminentes dizem que o tratamento reflecte a natureza patriarcal da sociedade ganesa.
Aos poucos, há sinais de mudança.
O deputado que fez os comentários sobre a troca de favores sexuais, na semana passada, foi pressionado a pedir desculpas, o que até agora ainda não fez.