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Freedom House regista "ligeiro declínio" da liberdade de imprensa nos Estados Unidos


Discurso de Trump contra a imprensa marca o ano
Discurso de Trump contra a imprensa marca o ano

Apesar da retórica, organização diz que jornalistas exercem a sua função livremente

A liberdade de imprensa nos Estados Unidos registou "um ligeiro declínio" em 2016 devido principalmente ao assédio a jornalistas nos comícios do então candidato Donald Trump e a uma campanha contra jornalistas judeus no Twitter.

A revelação é do relatório da Freedom House "Liberdade de Imprensa de 2017", divulgado nesta sexta-feira, 28.

A organização de defesa da liberdade de imprensa no mundo escreve no capítulo sobre os Estados Unidos que “nenhum Presidente americano na história recente mostrou maior desprezo pela imprensa do que Donald Trump nos seus primeiros meses no cargo”.

O relatório afirma que “repetidamente ridicularizou os repórteres como prestadores desonestos de "notícias falsas" e "traidores corruptos do interesse nacional”.

Ao recorrer a um termo popularizado pelo antigo líder soviético, o ditador Joseph Stalin, a Freedom House diz que Trump rotulou os meios de comunicação de "inimigos do povo", enquanto o assessor sénior da Casa Branca descreveu os jornalistas como "o partido da oposição".

“Esses comentários sugerem uma hostilidade em relação aos princípios e propósitos fundamentais da liberdade de imprensa, especialmente o papel dos meios de comunicação de levar os Governos a responderem por suas palavras e acções”, escrevem os pesquisadores.

Sem medo

À excepção de poucos casos, segundo a Freedom House, os jornalistas americanos exerceram em 2016 a sua profissão sem medo de violência física, ao contrário do que acontece em vários outros países.

No entanto, “a liberdade de imprensa registou um modesto declínio nos Estados Unidos, devido a uma variedade de factores que antecederem a presidência Trump”.

Em 2016, a Freedom House diz ter visto um ligeiro declínio na liberdade de imprensa nos Estados Unidos, devido principalmente ao assédio a jornalistas nos comícios de Trump e a uma campanha contra jornalistas judeus no Twitter.

“É cedo demais para saber se o Presidente vai cumprir algumas das suas propostas de campanha mais radicais, como a ameaça de leis de difamação mais restritivas. Se continuar a atacar a imprensa, isso poderá minar ainda mais a confiança pública na imprensa e preparar o terreno para medidas judiciais ou legislativas que poderão restringir a liberdade”, escreve a Freedom House, que, no entanto, diz que até agora, apesar das acusações do Presidente Trump “há abundantes evidências de que os principais meios de comunicação permanecem indiferentes e, de forma inovadora, têm feito importantes investigações do Governo e do próprio Trump”.

A organização de defesa dos direitos humanos adverte, no entanto, para um perigo maior: o de “os Estados Unidos deixarem de ser um padrão modelo e uma aspiração para outros países. A protecção da liberdade de imprensa nos Estados Unidos continua a ser vital para a defesa e expansão da liberdade de imprensa em todo o mundo (porque) na verdade, é uma pedra angular da democracia global”, conclui a Freedom House.

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