Uma investigação despoletada em França e no Brasil indica que 45 milhões de dólares podem ter desaparecido num escândalo de corrupção envolvendo dois antigos governadores do Banco Nacional de Angola (BNA) e um empresário brasileiro naturalizado angolano.
As cobranças ilegais incidiram sobre contratos firmados entre 2001 e 2012 para o fornecimento de papel moeda ao banco central e totalizaram 45 milhões de dólares, que teriam sido depositados nas contas de duas firmas consideradas de fachada, de acordo com a investigação em curso no Brasil.
Sob suspeita estão transferências alegadamente recebidas por José Pedro de Morais e Amadeu de Jesus Castelhano Maurício, dois ex-governadores do BNA e uma firma associada ao principal visado, o empresário brasileiro naturalizado angolano Valdomiro Minoru Dondo.
A investigação das autoridades brasileiras e francesas a um esquema de comissões ilegais cobradas ao BNA por uma rede brasileira em nome da empresa gaulesa Oberthur Technologies, com a cumplicidade de agentes angolanos, coloca os ex-governadores José Pedro de Morais e Amadeu de Jesus Castelhano Maurício sob suspeita.
Enquanto decorre a investigação, o economista Carlos Rosado de Carvalho considera que este dinheiro seria relevante para o desenvolvimento do país e lamentou o facto de que escândalos envolvendo corrupção em Angola nunca sejam investigados no país.
Rosado de Carvalho mostra-se espantado pela forma como os processos de corrupção ligados a dirigentes angolanos não sao investigados no país.
“Aparentemente há crime mas depois não há castigo, isso é o que me preocupa” diz.
Por seu lado, o jurista Francisco Lumango afirma que a responsabilização dos dirigentes angolanos em casos de corrupção dentro e fora do país só acontecerá depois de uma reforma completa do sistema de justiça.
É que, para Lumango, a justiça angolana ainda depende em parte do poder politico.
“Não permitem que os funcionários da justiça tenham maior liberdade”, afirma.
Valdomiro Minoru Dondo foi ouvido na semana passada pela Polícia Federal do Brasil.