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França: Repatriados 276 indianos após suspeita de tráfico de pessoas


A340 que transporta de regresso 276 passageiros indianos
A340 que transporta de regresso 276 passageiros indianos

Um avião fretado que aterrou em França para uma investigação de tráfico de seres humanos partiu, na segunda-feira, 25, para a Índia com 276 indianos a bordo, disseram as autoridades.

Os passageiros tinham como destino Nicarágua, mas foram bloqueados dentro de um aeroporto rural francês, durante quatro dias.

Repórteres da Associated Press, do lado de fora do aeroporto de Vatry, na região de Champagne, viram o A340 da Legend Airlines sem identificação decolar após a tripulação e os passageiros embarcaram no avião.

A administração regional disse que 276 dos 303 passageiros originais estavam a caminho de Mumbai e que outros 25 solicitaram asilo na França.

Os que permaneceram foram transferidos para uma zona especial no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, para requerentes de asilo, afirmou.

Os passageiros que desembarcaram na França incluíam uma criança de 21 meses e vários menores sem acompanhantes.

Os dois passageiros restantes foram inicialmente detidos como parte de uma investigação de tráfico de pessoas, mas foram libertados na segunda-feira depois de comparecerem perante um juiz, informou a procuradoria de Paris.

O juiz nomeou-os como “testemunhas assistidas” do caso, um estatuto especial ao abrigo da lei francesa, que permite tempo para uma investigação mais aprofundada e pode levar a eventuais acusações ou ao arquivo do caso.

Tráfico de pessoas

O avião A340 da Legend Airlines aterrou, na quinta-feira da semana passada, para reabastecimento em Vatry, a caminho do aeroporto de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Manágua, Nicarágua, e foi suspenso pela polícia com base em uma denúncia anónima de que poderia transportar vítimas de tráfico de pessoas.

Os procuradores não comentaram se o destino final dos passageiros poderia ter sido os EUA, que tem visto, este ano, um aumento no número de indianos cruzando a fronteira com o México.

As autoridades francesas estão a trabalhar para determinar o objetivo do voo original e abriram um inquérito judicial sobre as atividades de um grupo criminoso organizado que ajuda estrangeiros a entrar ou permanecer ilegalmente num país, informou o Ministério Público.

Não especificou, na segunda-feira se o tráfico de seres humanos – que a ONU define como “o recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou recepção de pessoas através da força, fraude ou engano, com o objetivo de explorá-las para fins lucrativos” – ainda é suspeito.

O aeroporto de Vatry foi requisitado pela polícia durante dias.

Autoridades locais, médicos e voluntários instalaram camas e garantiram refeições e banhos regulares para os presos. Depois, no domingo, transformou-se num tribunal improvisado, enquanto juízes, advogados e intérpretes lotavam o terminal para realizar audiências de emergência para determinar os próximos passos.

Alguns advogados presentes nas audiências de domingo protestaram contra a forma como as autoridades lidaram com a situação e os direitos dos passageiros, sugerindo que a polícia e os procuradores reagiram exageradamente à denúncia anónima.

Viagem turística à Nicarágua

A Embaixada da Índia publicou os seus agradecimentos no X, ex-Twitter, às autoridades francesas por garantirem que os indianos pudessem regressar a casa.

As autoridades francesas trabalharam durante a véspera e a manhã de Natal nas formalidades para permitir que os passageiros deixassem a França, disse a procuradora regional Annick Browne à Associated Press.

Os estrangeiros podem ser detidos até quatro dias numa zona de trânsito para investigações policiais em França, após os quais um juiz especial deve decidir se prolonga esse período para oito dias.

A advogada da Legend Airlines, Liliana Bakayoko, disse que alguns passageiros não queriam ir para a Índia porque pagaram por uma viagem turística à Nicarágua.

A companhia aérea negou qualquer papel em possível tráfico humano.

O governo dos EUA designou a Nicarágua como um dos vários países considerados como não cumprindo os padrões mínimos para eliminar o tráfico de seres humanos. A

Nicarágua também tem sido utilizada como trampolim migratório para pessoas que fogem da pobreza ou de conflitos devido à flexibilização ou isenção de vistos nos requisitos de entrada para alguns países. Às vezes, voos charter são usados para a viagem.

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