O escritório do conselheiro especial, que investiga a intromissão russa na eleição americana de 2016, anunciou as primeiras acusações, sexta-feira, 16, contra uma empresa russa das redes sociais, 12 de seus funcionários e seu patrocinador financeiro alegadamente envolvidos no processo.
A acusação, proferida por um grande júri federal em Washington, DC, alega que a Internet Research Agency, uma empresa com vínculos com o Kremlin, com sede em São Petersburgo, orquestrou uma audaz campanha para influenciar as eleições presidenciais de 2016 a favor do presidente Donald Trump.
Os procuradores também acusaram o suposto financiador da Agência de Pesquisa da Internet, o empresário russo Yevgeniy Prigozhin e duas empresas por ele controladas.
A acusação diz que Prigozhin e seus negócios forneceram "fundos significativos" para as operações da Agência de Pesquisa da Internet para prejudicar as eleições dos EUA.
Para alcançar os seus objectivos, diz a acusação, os russos adoptaram identidades falsas na internet para criar mensagens pró-Trump; viajaram para os Estados Unidos para reunir informação, visitando 10 Estados; e organizaram manifestações políticas como se fossem americanos.
Não havendo acordos de extradição entre os dois países, éimprovável que os acusados russos sejam presos ou compareçam a um tribunal dos EUA.
O vice-procurador-geral Rod Rosenstein disse que os conspiradores russos procuraram "promover a discórdia social nos Estados Unidos e minar a confiança pública na democracia".
"Não devemos permitir que eles tenham sucesso", disse Rosenstein numa conferência de imprensa em Washington.
A conspiração fazia parte de uma larga operação designada Project Lakhta, disse Rosenstein.
"O Projeto Lakhta incluía vários componentes, alguns envolvendo audiências locais na Federação Russa e outros tendo como público alvo estrangeiros de vários países", disse Rosenstein.
O advogado especial Robert Mueller, que não faz declarações públicas desde a sua nomeação em maio passado, não falou na conferência de imprensa.
Com esta revelação, escreve a Reuters, poderá mudar o rumoda polêmica discussão sobre a intromissão da Rússia, tirando prestígio de alguns republicanos que, junto com Trump, vinham atacando a investigação de Mueller.
A acusação não diz se a campanha Trump teve relações estreitas com o Kremlin, algo que Mueller ainda investiga.
Na sexta-feira, Trump, pela primeira vez, admitiu, com um tweet, que a Rússia se envolveu nas eleições, acusação que sempre negou.
“A Rússia iniciou a sua campanha anti-EUA em 2014, muito antes de eu anunciar que seria candidato a presidente. Os resultados das eleições não foram afectados. A minha campanha não fez nada de errado - não houve conluio!”, escreveu Trump.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificou as alegações como “absurdas” e ridicularizou a noção de que um número tão pequeno de cidadãos russos poderia prejudicar a democracia dos EUA.