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Especialistas dizem que doenças mentais são caso de saúde pública em Angola


Hospital Maria Pia/Josina Machel Luanda
Hospital Maria Pia/Josina Machel Luanda

Crianças, adolescentes e jovens são os mais vulneráveis

A saúde mental começa a preencher a agenda dos países e a Organização Mundial da Saúde tem chamado a atenção dos governos para considerar as doenças mentais um problema de saúde pública.

Saúde mental em Angola - 3:13
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Na esteira da comemoração do sétimo aniversario da Fundação da Ordem dos Psicólogos de Angola, aqueles profissionais dizem que a situação é preocupante e alerta que se não for feito nada o futuro pode ser pior.

Há mais de 40 anos a exercer a profissão, a psicóloga Maria de Encarnacão Pimenta diz que a situação da sanidade mental em Angola é muito preocupante e que é um problema de saúde pública, sobretudo nas crianças, adolescentes e jovens que são bastante vulneráveis.

“Há um elevado nível de consumo de álcool, drogas pesadas, uma grande promoção da prostituição sobretudo a infantil, o ócio, o imediatismo, o consumismo, bases muito fracas da aprendizagem e, como consequência, se o Estado não fizer já algo, nos próximos 10 ou 15 anos, 50 por cento da população jovem vai estar na cadeia”, diz Pimenta.

Nas cadeias, o número da população carceraria é preocupante, a reabilitação mental do recluso e a sua inserção na sociedade édifícil porque o racio entre os presos e o número de profissionais de saúde mental nas prisões é grande, acrescenta o psicólogo forense Fernandes Manuel.

"Nós temos 126 reclusos para um psicólogo, o que sobrecarrega, e de que maneira, o trabalho do psicólogo", acrescenta Manuel, lembrando que a construção de prisões não vai resolver o problema da criminalidade.

"A prevenção do crime deve começar em casa, a educação na família que é parte integrante do aspecto preventivo e logo a seguir a escola, depois as instituições do Estado”, defende o o psicólogo como forma de evitar os crimes e a superlotação das prisões.

Antónia de Sousa, psiquiatra e directora do Hospital Psiquiátrico de Luanda reitera que o racio entre pacientes e médicos não é suficiente.

“O número de profissionais de saúde mental em todo país é ínfimo, no hospital temos 15 psiquiatras e 13 psicólogos, é um número baixoquando diariamente acorrem ao nosso hospital de 90 a 100 pacientes", afirmou Sousa.

Os casos de patologias mais frequentes no hospital são psicose sintomática causadas por malária, transtornos por consumo de substâncias psico-activas por parte dos jovens, depressão, pessoas com tentativa de suicídio e homicídio e as epilepsias.

No passado dia 7, a Ordem dos Psicólogos de Angola celebrou o seu sétimo aniversário.

A propósito, o bastonário Carlinhos Zassala destacou que “os psicólogos são marginalizados, o desemprego da juventude por exemplo é uma questão que os psicólogos podem ajudar a tratar mas nunca somos chamados, a questão da criminalidade sobretudo nas grandes cidades, os psicologos podem ajudar a tratar mas infelizmente não somos tidos nem achados”, e lamentou que “o casamento entre os detentores do poder e os profissionais de saúde mental nunca se concretizou".

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