Horas depois do encerramento das urnas na Espanha e apesar de o Partido Popular (PP), de centro-direita, ter conseguido o maior número de assentos no próximo Parlamento, 136 (33 por cento), o país não sabe quem será o próximo Chefe de Governo.
O Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), actualmente no poder, apesar de ter conseguido apenas 122 lugares, mais dois do que em 2019, impediu uma maioria absoluta da direita.
O partido Vox, de extrema direita, conseguiu apenas 33 assentos no Parlamento, e, mesmo somando-se ao PP, ambos juntos não têm a maioria de 176 para formar um Governo de direita.
Do lado oposto da linha ideológica, Sumar, da extrema esquerda, obteve 31 assentos.
Os próximos dias serão de muita negociação para a formação de um Governo estável, com observadores políticos a antever dias difíceis para o país, admitindo, inclusive, que a próxima legislatura pode não chegar ao fim e ser ainda mais curta que a actual, que terminou seis meses antes do tempo.
A consultoria Teneo estima que o actual chefe do Governo e líder do PSOE, Pedro Sánchez, tem mais possibilidades (45 por cento) de formar uma coligação com o Sumar e outros partidos pequenos, do que o líder do PP, Alberto Nuñez Feijoo, que apenas tem à mão o Vox, mas que não agrada a muitos centristas.
A mesma fonte dá a mesma probabilidade percentual à necessidade de uma nova eleição legislativa.
Discursos desencontrados
Ao discursar para apoiantes em festa fora do lado da sede do partido, que não sofreu uma esmagadora derrota como apontavam as sondagens, em Madrid, Sánchez disse que os espanhóis rejeitaram o "bloco retrógrado, que propôs uma revogação total de todo o progresso que fizemos nos últimos quatro anos."
Numa intervenção mais discreta na sede do PP, também em Madrid, Nuñez Feijoo insistiu que seu partido havia vencido a eleição e que falaria com todos os partidos dispostos a formar um Governo.
Por sua vez, o líder do Vox, Santiago Abascal, disse que Sanchez poderá bloquear qualquer tentativa da direita de formar um Governo.
O rei Felipe VI convidará o PP, o mais votado, a formar Governo, uma situação semelhante à de 2015, altura em que o então líder do PP, Mariano Rajoy, recusou o convite do rei, dizendo que não pôde reunir os apoios necessários.
Caso Nuñes Feijoo recusar, o rei pode fazer o mesmo pedido a Pedro Sánchez.
A legislação não estabelece um prazo para o processo de formação de Governo, mas se nenhum candidato obtiver a maioria dentro de dois meses após a primeira votação do primeiro-ministro, deverão ser realizadas novas eleições.
A eleição de hoje teve uma participação de 70,40%, superior à de 2019, que foi de 66,23%.
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