O Presidente dos EUA, Donald Trump, sabia no início de 2020 o quão mortal o coronavírus poderia ser nos Estados Unidos, "mas intencionalmente enganou o público americano sobre a gravidade da doença para evitar o pânico das pessoas", de acordo com um novo livro do jornalista Bob Woodward.
Conforme o vírus começou a espalhar-se da China por todo o mundo, o Conselheiro de Segurança Nacional Robert O'Brien disse a Trump em reunião na Casa Branca a 28 de janeiro: "Esta será a maior ameaça à segurança nacional que enfrentará na sua presidência", de acordo com o livro Rage.
Trump minimizou publicamente a ameaça. Dez dias depois, ligou para Woodward e disse que achava a situação muito mais assustadora.
Publicamente, Trump dizia aos americanos que o vírus desapareceria em breve e que não era pior do que uma gripe sazonal. Ele insistiu que o governo dos Estados Unidos o tinha totalmente sob controle.
Numa das 18 conversas gravadas por Woodward, Trump admitiu a 19 de março que minimizou deliberadamente o perigo. “Eu queria sempre minimizar”, disse ele.
Enquanto cópias de "Rage" circulavam na quarta-feira, a porta-voz da Casa Branca Kayleigh McEnany tentou minimizar o dano político. Ela disse que Trump queria “manter o país calmo. É isso que os líderes fazem”.
As revelações surgem menos de oito semanas antes da eleição presidencial de 3 de novembro entre Trump e seu adversário democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden.
Biden, em visita de campanha ao estado de Michigan, campo de batalha político no centro-oeste, atacou o desempenho de Trump ao lidar com o coronavírus, que já matou cerca de 190 mil americanos e infectou mais de 6,3 milhões. Ambos os números são os maiores totais nacionais em todo o mundo.
“Ele mentiu intencionalmente e voluntariamente ao público americano sobre a ameaça que representava para o país durante meses. Ele falhou em fazer seu trabalho de propósito”, disse Biden “mais do que desprezível.”
Especialistas em saúde dizem agora, no entanto, que uma projeção mostra que 410.000 americanos podem morrer até ao início de 2021
Woodward é mais conhecido no jornalismo americano por juntamente com o reporter do Post Carl Bernstein terem posto a descoberto o escândalo de corrupção política de Watergate na década de 1970 que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.
O novo livro de Woodward fala dos erros da administração Trump em lidar com a pandemia e aborda várias outras controvérsias durante os quase quatro anos de Trump como presidente.