Troca de farpas entre dois membros da Comissão Sindical do Sindicato das Indústrias Petroquímicas e Metalúrgicas de Angola (SIPQMA) na empresa pública de diamantes de Angola, Endiama, pode colocar em causa as negociações entre a companhia e cerca de cinco mil ex-trabalhadores, que terão ameaçado deixar o MPLA se o Presidente da República João Lourenço não resolver o problema.
Em causa, está a falta de regularização da reforma e de pagamento de subsídios por parte da Endiama.
Ao que tudo indica, duas alas disputam a liderança da Comissão Sindical dos ex-trabalhadores, que se encontram nas Lundas.
De um lado, o antigo dirigente daquela organização sindical, Ventura Camuto, do outro lado, Armando Pierre, que diz ter tomado as rédeas do órgão a partir do momento em que Camuto decidiu abandonar as negociações em 2005.
Em declarações recentes à VOA, Ventura Camuto voltou à carga e avisou que mais de cinco mil ex-trabalhadores da Endiama vão abandonar o MPLA, caso o Presidente João Lourenço não intervier para solucionar o diferendo que têm com a empresa.
Em resposta, Armando Pierre, que é reconhecido pela entidade empregadora como novo responsável sindical, confirma ser ele o coordenador da Comissão Sindical e reitera que Camuto “desistiu em 2005 porque tinham assinado um acordo, quando voltou em 2018, queria ser coordenador e não podia porque a comissão já tinha coordenador”.
Confrontado, Ventura Camuto acusa Armando Pierre de estar a ser instrumentalizado pela direção da Endiama para atrapalhar as negociações.
“Em todas as instituições do Estado conhecem Ventura Camuto e a direção da empresa pega aqueles homens para matar os trabalhadores como a Covid está a matar as pessoas”, responde.
Em relação à ameaça de que mais de cinco mil ex-trabalhadores poderão abandonar o MPLA caso o Presidente João Lourenço não resolva o problema que têm com a empresa, Armando Pierre diz não corresponder à verdade.
“Isto é uma falsidade dele”, assegura Pierre, enquanto Ventura Camuto, responde dizendo que Armando Pierre está confinado em Luanda e que os que estão no terreno conhecem a verdade.
“Se vier uma equipa da Endiama aqui, verá que corresponde à verdade”, disse Ventura Camuto.