Afonso Dhlakama descartou um cessar-fogo imediato em Moçambique e garantiu que a questão só se colocará no fim das negociações entre as partes.
O presidente da Renamo fez estas declarações por telefone ao jornal Savana, de Maputo, no momento em que delegações do seu partido e do Governo encontam-se reunidos com mediadores internacionais na procura de uma plataforma de entendimento entre as duas partes.
"Muitos falam de cessar-fogo, cessar-fogo é muito bonito falando dos escritórios, mas é muito difícil para quem está no mato, a disparar num confronto militar", reiterou Dhlakama, quem garantiu que não deixará o seu actual refúgio na serra da Gorongosa.
O líder da Renamo continua a insistir que o seu partido deve governar as seis províncias em que foi mais votado nas eleições de 2014.
Para ultrapassar a questão, Afonso Dhlakama defende a "revisão pontual" da Constituição que permite a nomeação pela Renamo de governadores nas referidas províncias.
"Seria perigoso depois de o povo ter votado na Renamo esperar cinco anos e suportar a governação da Frelimo", defendeu Dhlakama.
Na quinta-feira, 21, o Presidente moçambicano Filipe Nyusi voltou a pedir a cessação imediata dos confrontos militares.
Entretanto, os mediadores e as partes voltaram a encontrar-se nesta sexta-feira, 22, em Maputo.
Em declarações à imprensa hoje, Mário Raffaelli, representante da União Europeia, disse que os negociações da Renamo e do Governo vão contactar as respectivas lideranças.
"As conversações continuam amanhã, isso significa que a discussão continua num clima de entendimento favorável, e como medidadores vamos continuar a criar as melhores condições para encontrar soluções", anunciou Raffaelli.
Sobre a mesa de negociações, além da exigência da Renamo de governar as seis províncias, a cessação imediata das acções militares, a reintegração dos homens da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) e a reintegração social dos antigos combatentes.