Uma vala comum, com centenas de corpos, presumivelmente de civis, foi descoberta por um grupo de camponeses esta quarta-feira, 27, na zona 76, no posto administrativo de Canda, interior da Gorongosa, na província moçambicana de Moçambique.
Os camponeses disseram que vários corpos, alguns já em ossadas, estavam estatelados numa antiga escavação a céu aberto, de onde se extraía saibro para as obras de reabilitação da N1, a principal estrada de Moçambique.
A zona fica igualmente próxima a uma mina ilegal de extração de ouro, que não é frequentada por garimpeiros devido aumento da violência armada na região.
“São cerca de 120 corpos descarregados lá”, explicou um dos camponeses, vaticinando que os corpos podem pertencer a civis sequestrados e assassinados por questões politicas ou a militares mortos em confrontos armados, entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, que tem frequentes contactos na Gorongosa.
Por sua vez, uma fonte de uma organização humanitária na Gorongosa disse que devido à complexidade de segurança na zona, incluindo onde foi descoberta a vala, tem sido difícil verificar algumas denúncias sobre as atrocidades que ocorrem em várias aldeias.
“A zona é complicada para a entrada, há muitas desconfianças e não vale a pena pôr a nossa vida em risco. Nesta confusão é complicado chegar lá”, aclarou um dos responsáveis da organização.
Entretanto o administrador da Gorongosa, Manuel Jamaca, não confirmou e nem desmentiu a descoberta da vala comum, afiançando que o grupo de camponeses deveria ajudar as autoridades a investigar a situação.
“Neste momento não tenho nenhuma informação, não posso nem confirmar, nem desmentir” declarou Manuel Jamaca.
Há duas semanas, a Renamo na Gorongosa denunciou a morte de pelo menos 14 membros, executados nos primeiros três meses de 2016, e o desaparecimento de outras dezenas, incluindo os motociclistas que asseguravam a logística do líder, Afonso Dhlakama, que regressou ao seu esconderijo na serra da Gorongosa no início de Janeiro.
O maior partido da oposição atribuiu a acção aos esquadrões da morte.