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Crise no Brasil pode agravar-se em 2016, dizem analistas


Joaquim Levy
Joaquim Levy

Mudança de ministro da Fazenda indicia recuo da política de corte fiscal.

As perspectivas económicas para o próximo ano no Brasil já não eram boas e com a recente troca no Ministério da Fazenda a situação tende ainda mais a se agravar.

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Defensor de um ajuste fiscal para começar a tirar o país do sufoco, o ministro Joaquim Levy deixou o Ministério da Fazenda e foi substituído por Nélson Barbosa, que prometeu, no entanto, seguir a política de Levy.

Ele tem o apoio da base aliada do Governo federal que vinha contestando Joaquim Levy por ter em mente a necessidade de realizar um ajuste fiscal para controlar a situação financeira no país.

O economista Felipe Leroy faz uma análise do cenário económico brasileiro para os próximos meses e defende a necessidade de um ajuste fiscal.

“Um cenário tanto quanto conturbado, que atualmente já é muito instável. Percebe-se que estamos pagando um preço muito alto, mas inevitavelmente o ajuste fiscal precisa ser feito. O Governo tem um alto nível de endividamento e nós temos que pagar esse preço custe o que custar. Com a saída de um ministro é como se a gente tivesse perdendo um chefe. E quando se muda o chefe muda o jeito de trabalhar, muda a política. Quando se anuncia a saída de um Ministro como o Joaquim Levy, que é de alto nível, realmente é muito preocupante para nós que estamos vivenciando esse cenário um tanto quanto instável. Pode piorar muito, pois até o outro entrar, ficar ciente da situação e tentar minimamente fazer políticas em busca de um equilíbrio fiscal isso pode demorara= mais um tempo”, analisou.

Com essas incertezas no sector económico, o empresariado vai continuar sem investir no Brasil.

Em consequência, o desemprego pode aumentar e 2016 deve ser um ano mais complicado do que este.

“Não vemos um posicionamento do Governo para aumentar a previsibilidade dos agentes e dos investidores. A situação complica mais ainda. Primeiro o governo precisa sinalizar para depois os investidores tomarem decisões. Obviamente se reduzir investimento aumenta o desemprego. O cenário é um tanto quanto mais conturbado e espera-se um cenário muito mais instável para 2016, quando comparado a este ano”, ressaltou.

Felipe Leroy também chama a atenção para a queda acentuada no Produto Interno Bruto brasileiro.

“Existe uma estimativa de uma queda de -2,5%. Já houve uma queda de -3,5% neste ano. Todos fazem uma análise de que ano que vem será menos pior que este. Pelo contrário, pois já temos uma queda de -3,5% em 2015 com uma queda de -2,5% em 2016. Ou seja, estamos perdendo 6% do Produto Interno Bruto. É pior ainda, é uma bola de neve que vai aumentando cada vez mais. Para reverter esse cenário é muito difícil principalmente com a resistência do governo em fazer um ajuste que é necessário”, realçou..

Outro grande problema a ser administrado é a inflação, que está muito acima da meta estabelecida pelo governo brasileiro.

O economista ainda chama atenção para a dificuldade dos brasileiros em pagar altos impostos durante todo o ano.

“Com certeza não damos mais conta de pagar tantos impostos. Daqui a alguns dias, o governo vai tributar 100% da nossa renda. Eu gostaria de pagar 70% da minha em renda em impostos, desde que eu tivesse o retorno dele. O problema é que a gente paga uma carga, que é uma das mais altas do mundo, sem retorno. E nós temos uma carga tributária que é o imposto embutido, aquele imposto que você não vê, mas paga. Quem sofre mais é quem ganha menos. É o que chamamos de imposto regressivo e é a maior fonte de arrecadação do governo. Então quando ele aumenta o imposto, ele piora a categoria de baixa renda significativamente”, concluiu.

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