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Crescimento económico é a meta apontada pelos brasileiros para 2015


A Presidente brasileira reeleita, Dilma Rousseff (PT), é empossada neste primeiro dia de 2015, para um segundo mandato, com o desafio de fazer o país voltar a crescer, em um ano que promete ser duro.

A retomada do crescimento da economia é apontada, por especialistas e brasileiros nas ruas, como a principal meta a ser atingida neste 2015, depois do desempenho negativo, em 2014, do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O índice médio de crescimento da soma de todos os bens e serviços do Brasil foi de 0,18%, o menor registrado desde 1995, início da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Crescimento económico é a meta apontada pelos brasileiros para 2015
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O economista Caio Megale admite que as perspectivas econômicas para o Brasil em 2015 não são animadoras, pelo menos, até o meio do ano. “O crescimento ainda deve seguir baixo porque os estoques na indústria estão altos, a inflação ainda está alta, a taxa de juros ou fica onde está ou sobe, ainda não há espaço para cair. Porque a inflação ainda está pressionada e agora com depreciação rápida da taxa de câmbio essas pressões inflacionárias podem ficar mais intensas. Então, vai crescer mais para frente? Eu tenho convicção de que a economia volta a crescer despois que esse processo de reequilíbrio acontecer. Mas, é hora de esperar”.

Analistas lembram que o Brasil terá de lidar, neste 2015, ao mesmo tempo com os problemas domésticos e com um cenário externo que tende a ficar mais desfavorável para os mercados emergentes, marcado por dólar forte, continuidade da queda dos preços das commodities e volatilidade no mercado financeiro e nos fluxos internacionais de capital.

Na Indústria, todo esse cenário futuro, além do resultado negativo de 2014, gera um sentimento de pessimismo, com alguns especialistas da área cogitando até um processo de desindustrialização do país.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, torce por crescimento do setor de, pelo menos, 1%. Mas sabe que até para esse crescimento tímido muito ainda precisa ser feito a partir deste ano que começa. “São diversos fatores que o Brasil precisa trabalhar, desde a questão tributária, a questão da legislação trabalhista, da burocracia, do financiamento para a inovação.

São diversos fatores que não vão ser trabalhados rapidamente. Enquanto isso, precisamos da indústria brasileira tendo condições para crescer e participar do mercado fora do Brasil. Uma das principais questões é termos uma taxa de câmbio onde o Real seja menos valorizado e essa taxa possa permitir que a gente enfrente a competição das empresas estrangeiras aqui dentro e também exportar", afirma.

A situação econômica traz de volta para o 2015 do brasileiro o fantasma do desemprego. A diretoria executiva do Dieese, Patrícia Pelatieri admite que as previsões não são muito boas. Depois do cenário econômico de 2014, do comportamento do investimento, do ajuste das contas prometido pelo governo, não é possível visualizar um cenário otimista para o mercado de trabalho aqui no Brasil este ano.

As previsões também não são as melhores para o desafio do país de reduzir as desigualdades. Em 2010, economistas previam que, para acabar com a miséria, o Brasil teria que crescer 5% ao ano até 2020. O resultado ruim de 2014 e as previsões de muitas dificuldades para este ano apontam para problemas que devem comprometer essas metas.

As dificuldades na economia desaquecida, os anunciados ajustes fiscais vão tornar difícil a vida da maior parte do brasileiro, mas os problemas devem ser ainda maiores para a presidente Dilma Rousseff, que ainda vai enfrentar um Congresso fragmentado. Analistas de política, como Daniel Machado, lembram que diante de tantos obstáculos o Brasil espera poder contar com uma presidente mais preparada. “Acho que nós queremos uma Dilma mais política, no sentido bom da palavra, não "politiqueira", mas uma Dilma mais política, com diálogo, aberta”.

A petista Dilma também deve enfrentar neste 2015 uma oposição, representante principalmente pelo candidato derrotado nas eleições Aécio Neves (PSDB), que promete não dar descanso para o governo. A expectativa é que o povo brasileiro, depois do envolvimento na disputa presidencial tão acirrada, também cobre mais dos governantes eleitos, como destaca professor de ciência política da USP, José Moisés. “A sociedade está mais atenta, tem mais interesse. Também do ponto de vista da competição foi mais equilibrada desta vez. O Aécio tem razão, por trás dele tem 51 milhões de votos. Não é pouca coisa”.

O 2015 vai ser também o ano que pode começar, de certa forma, a definir o quadro de disputa presidencial de 2018. Vai ser o ano em que o candidato derrotado nas eleições passadas vai tentar se consolidar como o grande nome do PSDB para a próxima disputa presidencial. Mas, há uma pedra no caminho de Aécio Neves, como explica o cientista político Oswaldo Dehon. “ Ele vai encontrar um adversário de peso. O governador Geraldo Alkmin entregou milhões de votos para Aécio Neves no Estado de São Paulo e não pode mais disputar mandato de governador. É de se esperar que o governador Alkmin dispute com o Aécio, no caso do PSDB as indicações futuras para as candidaturas a presidência da república e aqueles cargos mais relevantes no país”.

Este ano ser, ainda, o momento de preparação para dois fatos importantes de 2016, as eleições municipais e as Olimpíadas. De acordo com o balanço divulgado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, responsável pelas obras, as construções para o mundial olímpico entram na reta final em 2015, com a entrega das primeiras arenas novas e a realização de mais de 20 eventos para testar os locais de competição.

O ano ainda deve ser marcado pela polêmica em torno do uso medicinal do canabidiol, derivado da maconha, no Brasil. Uma comissão de senadores vai debater com a Anvisa o uso da substância como medicamento controlado.

O Senador Romero Jucá, senador pelo PMDB de Roraima, lembra que em 2015 o Brasil também não pode fugir das discussões sobre as mudanças no sistema previdenciário. "Eu entendo que é preciso construir uma nova equação que leve em conta o tempo de contribuição e a idade. O Brasil tem que encarar o desafio da questão previdenciária que é um desafio para o mundo. Todos os países hoje têm que enfrentar esta questão com urgência.

Mas, o ano começa com os brasileiros torcendo para que os escândalos de corrupção não voltem a fazer parte do noticiário diário do país, como ocorreu em 2014, sobretudo, com o escândalo de corrupção na Petrobrás, a estatal símbolo do país.

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