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Covid-19 parece estar a receber maior atenção que outras doenças mais mortíferas em Moçambique


Hospital em Milange, Zambézia, Moçambique
Hospital em Milange, Zambézia, Moçambique

Moçambique conta, em cerca de seis meses, com pouco mais de 2400 casos positivos de coronavirus, número considerado muito baixo comparado ao de malária que, no ano passado, registou a cifra de nove milhões de infectados e 14 mil mortes.

Covid-19 parece estar a receber maior atenção que outras doenças mais mortíferas em Moçambique
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O facto de o Governo ter decretado o segundo estado de emergência para conter a pandemia do novo coronavírus, tem dividido opiniões tendo em conta o número de casos da nova doença.

Além do investimento em equipamento, as autoridades dizem que criaram condições para melhor atendimento a doentes da Covid-19, o que na leitura do pesquisador e médico Jorge Matine é influenciado pelo facto de tratar-se de uma doença nova e as unidades sanitárias não terem robustez para lidar com crises.

“Isto chama atenção e cria nas pessoas uma percepção de que há uma doença com mais privilégios que a outra, com maior atenção que as outras”, diz Matine.

Matine recorda que “isso aconteceu quando foram criados centros de tratamento do HIV/Sida, quando iniciou o tratamento com antirretrovirais e ficou-se com a percepção que os pacientes com HIV/Sida tinham mais privilégios, tinham médicos disponíveis, medicamentos”.

Aumento de casos; Maputo com transmissão comunitária

Reagindo à crítica de que o Governo desvia recursos que deveriam ser canalizados para outras doenças, o diretor-adjunto do Instituto Nacional de Saúde, Eduardo Samo Gudo, explica que está maior atenção a Covid-19 prende-se com a especificidade da doença.

“A gestão da Covid é diferente da gestão de outras doenças. Todos os casos de Covid são admitidos nas unidades de isolamento; não podemos fazer uma sobreposição de doentes de malária com doentes de Covid; não se interna doentes de Covid-19 numa enfermaria de medicina interna normal, numa enfermaria de pediatria”, disse Samo Gudo.

Samo Gudo reconhece que as medidas adoptadas estão a ser implementadas para evitar o colapso do sector de saúde nacional, que antes da pandemia já era débil.

“A essência da declaração do Presidente da República é em relação a necessidade de protegermos o sistema nacional de saúde, lembrar que a declaração de Estado de emergência a partir de Abril tinha como três principais pressupostos: atrasar o progresso da epidemia aquilo que nós chamamos de atrasar o pico; segundo pressuposto era fortalecimento do sistema de saúde”, comenta o médico.

Entretanto, os casos positivos continuam a aumentar, tendo, nesta segunda-feira, 10, sido reportado o maior numero registado num só dia,142 casos. Até agora a doença matou 16 pessoas e , pelo menos, 50 estão hospitalizadas.

A capital Maputo, com 611 dos 2411 casos, foi declarado ponto de transmissão comunitária, seguindo critérios da Organização Mundial da Saúde.

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