Especialistas de saúde em Angola colocam em causa as estatísticas do Ministério da Saúde sobre a Covid-19, que, na terça-feira, 28, registou o maior número de infeções e de mortes num só dia.
Com 50 casos e seis mortes, o que aconteceu pela primeira vez em quatro meses, o país atingiu os mil casos, com a província do Bengo a entrar para as estatísticas, depois de Luanda, Kwanza Norte, Cunene e Kwanza Sul.
O número de mortes representa cerca de 4,7 por cento da taxa de mortalidade, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima um rácio global de cerca de dois por cento.
O médico pediatra David Bernardino alerta ainda que esta percentagem pode não ser real porque os testes continuam a ser muito reduzidos.
Bernardino acusa as autoridades sanitárias do país de estarem a dar informações erradas sobre as causas do aumento do número de mortes pela doença e de ser “um mau conselheiro do Governo”.
Por seu turno, o também especialista em saúde pública Maurilio Luyele considera que à medida que o número de casos aumenta os casos graves da doença irão aumentar, “e o nosso sistema de saúde não está preparado, contrariamente ao que se propalou”.
O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, avançou ontem que 24 pessoas foram dadas como recuperadas, mas 15 doentes estão em estado grave, dos quais oito em situação crítica e ligados à ventilação mecânica invasiva enquanto dois necessitam de hemodiálise.