Links de Acesso

COVID-19: Especialistas "espantados" com declaração da OMS sobre assintomáticos


Maria van Kerkhove, epidemiologista e principal técnica da OMS
Maria van Kerkhove, epidemiologista e principal técnica da OMS

Especialistas em doenças transmissíveis questionaram nesta terça-feira, 9, o comentário da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a transmissão da Covid-19 por parte de pessoas sem sintomas é “muito rara”, e que que esta orientação poderia criar problemas à medida que países tentam sair de isolamentos.

Maria van Kerkhove, epidemiologista e principal técnica da OMS para a pandemia de coronavírus, disse ontem que muitos países que realizam o rastreamento de contatos identificaram casos assintomáticos, mas não descobriram que eles aumentaram a disseminação do vírus.

“É muito raro”, disse na altura.

Liam Smeeth, professor de epidemiologia clínica da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, reagiu dizendo ter ficado “bastante surpreso com o comunicado da OMS”, e reiterou que essa opinião vai contra as impressões “dos indícios científicos até agora, que apontam que pessoas assintomáticas e pessoas pré-sintomáticas são uma fonte importante de infecção de outras”.

Smeeth e outros especialistas disseram que entender os riscos de transmissão entre pessoas com pouco ou nenhum sintoma é crucial agora que governos comecem a amenizar as medidas de isolamento que impuseram para tentar reduzir a propagação da pandemia e substituí-las gradualmente pelo rastreamento de caso e por planos de confinamento.

“Isto tem implicações importantes para medidas de rastreamento/detecção/confinamento sendo instituídas em muitos países”, sulbinhou Babak Javid, consultor de doenças infecciosas dos Hospitais da Universidade de Cambridge.

Alguns especialistas dizem que não é incomum pessoas infectadas não mostrarem sintomas.

Um estudo da Alemanha feito em maio com base em 919 pessoas do distrito de Heinsberg, que ainda não foi submetido à comunidade científica, revelou que cerca de um de cada cinco infectados é assintomático, mas os dados que mostram a probabilidade de eles transmitirem a doença são escassos.

Keith Neal, professor de epidemiologia de doenças infecciosas da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, disse que, embora não se saiba com clareza que papel a transmissão assintomática desempenha em novas infecções, o que se sabe é que pessoas com sintomas são responsáveis pela maior parte da disseminação da doença.

C/Reuters

XS
SM
MD
LG