Angola começa a dar sinais de que a capacidade de internamento de doentes com a Covid-19 está prestes a atingir limite nos hospitais de Luanda, numa altura em que o número de infetados na capital do país está perto das mil pessoas e com o maior número de mortes ao nível dos países africanos de língua portuguesa.
Na semana passada, a ministra da Saúde Sílvia Lutucuta fez saber que o Governo deverá adotar “brevemente”o internamento domiciliar dos doentes assintomáticos, ficando os hospitais reservados a doentes que manifestem sinais da doença.
Lutucuta admitiu que, se o nível de contágio diário continuar a aumentar, a capital do país poderá ter 45 mil cidadãos infetados em setembro.
A governante explicou que, nesta altura, quatro em cada 100 pessoas em Luanda estão expostas ao vírus e as projeções feitas com base nos testes rápidos serológicos dão a possibilidade de aumento de casos.
O país contabilizou até ontem, 26, mais 16 casos positivos e um óbito, elevando para 932 o total de pessoas infetadas, com 40 óbitos, 242 recuperados e 650 ativos.
Depois das províncias do Kwanza Norte e do Cunene, Kwanza Sul entrou no quadro estatístico nacional com o registo de um caso importado de Luanda, revelou o secretário de Estado da Saúde Pública, Franco Mufinda.
Entretanto a morte, na passada semana, de um médico angolano reformado ao serviço de uma clínica privada, em Luanda, o primeiro caso fatal envolvendo um profissional de Saúde em consequência da Covid-19,volto a inquietar a classe.
O presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, Adriano Manuel, disse à VOA ser difícil determinar se o profissional foi infetado no hospital ou na comunidade a julgar pelo atual nível de contágio da Covid-19, em Luanda, e admite que muito mais profissionais tenham já contraído a doença.
O sindicalista diz, entretanto, que as autoridades devem aumentar as medidas de segurança nos hospitais “por forma a que não se transforme em novas fontes de contágio”.
“As condições de bio-segurança nos nossos hospitais não são boas”, alerta.
A semana foi igualmente marcada pela morte do segundo comandante nacional dos Bombeiros e de um conhecido jornalista angolano, vítimas do novo coronavírus.