A cimeira dos Chefes de Estado da União Africana (UA) poderá ser dominada por discussões sobre os conflitos no Burundi, Sudão do Sul, Mali e Nigéria, vaticinam especialistas que também consideram que a organização registou melhorias na gestão de conflitos, “mas precisa fazer mais”.
Junto ao edifício que este sábado, 13, acolherá a cimeira, os dísticos apresentam a frase “empoderamento da mulher”, em alusão ao tema oficial. Mas como é habitual, o tema é muitas ofuscado pelas questões de paz e segurança, que são urgentes, recorda a analista Liesl Louw-Vaudran, do Instituto de Estudos de Segurança, em Joanesburgo.
Este ano, entre as questões que poderão ser debatidas constam a agitação política no Burundi originada pelas tentativas do presidente Pierre Nkurunziza de se candidatar a um terceiro mandato, o conflito político e étnico na nova nação do Sudão do Sul e a ameaça contínua do Boko Haram, na Nigéria.
A lista poderá incluir também os velhos conflitos na Somália e no leste do Congo e as consequências da queda do líder da Líbia, em 2011.
Os analistas apontam que nos últimos anos, o Conselho de Paz e Segurança da UA tornou-se mais forte do que antes e tem respondido com prontidão a conflitos.
Mas David Zounmenou, também do Instituto de Estudos de Segurança, opina que os líderes africanos não são rápidos no combate à tendências emergentes no continente, e outros estão no poder há muito tempo e tentam mudar as leis para não saírem.
Zounmenou prevê que essa tendência poderá provocar conflitos.
Contudo, ele ressalva que desde a sua criação, em 1963, a União Africana melhorou e, este ano, por exemplo, foram registadas transições pacíficas em países propensos a conflitos como a Nigéria e o Lesoto.
“Penso que África registou algum progresso no processo de democratização. Entre 1960 e 2000 houve 89 golpes de estado sucedidos (…) e de 2000 até hoje tivemos apenas seis golpes de estado”, diz Zounmenou.
Para Zounmenou isso significa que “há menos presidentes mortos e menos generais no poder”.
A Cimeira da UA inicia este sábado sob orientação de Roberto Mugabe, que é presidente do Zimbabwe há mais de três décadas.
O presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, poderá não participar. A última vez que saiu do país, em Maio, houve uma tentativa de golpe de Estado.