Um encontro nacional das comunidades, realizado no Planalto Central, constatou que os municípios continuam a não tomar decisões sobre os aspectos fundamentais de economia local, o que impede a diversificação da economia e a participação dos cidadãos.
A informação foi dada hoje à VOA pelo director da Acção de Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Belarmino Jelembi.
O responsável associativo considera que tudo acontece por falta de cultura democrática e das dificuldades que as autoridades têm para a abertura do país à descentralização administrativa.
“É muito difícil haver diversificação da economia, alargamento da participação dos cidadãos a nível local se as decisões essenciais são tomadas em Luanda”, disse.
“Este é provavelmente hoje o maior desafio colectivo que temos ao nível nacional”, acrescentou Jelembi para quem o nível de concentração “na actividade pública é provavelmente um dos maiores pontos de estrangulamento ao desenvolvimento dos municípios deste país”.
O encontro teve lugar, semana passada, na cidade do Huambo, com cerca de dois mil representantes de várias comunidades rurais e autoridades tradicionais e do governo que analisaram a produção agrícola.
A avaliação da ADRA sobre o sector é que a falta de estradas dificulta a produção e a organização comunitária. Há também dificuldades no acesso aos serviços sociais e a ausência de diálogo com as autoridades governamentais.
Outro dilema, segundo do director da ADRA, tem a ver com a atribuição dos títulos de terrras e viabilização do processo de comercialização no campo.
A subida dos preços dos fertilizantes é outro factor de estrangulamento da produção agrícola aliado às dificuldades na obtenção do crédito agrícola para os pequenos produtores.
O director da ADRA disse que crédito agrícola continua muito fraco ou limitado, tendo dado como exemplo que, na última campanha, apenas 100 mil agricultores foram beneficiados, o que representa somente cinco por cento dos produtores necessitados
Os participantes constataram também que há dificuldades de acesso aos documentos de identificação, o que força os camponeses a percorrer longas distâncias para as cidades e vilas gastando muito dinheiro com as passagens e as despesas de estadia.